Pontos cantados são cantigas usadas para diversas finalidades, nesta matéria iremos aprender em específico sobre a Pomba Gira da Figueira.

Ponto de quebra de demandas 

 Sua gargalhada ecoa na madrugada
A Dona Figueira, ela não é cinza, ela é brasa! 
 Com sol ou lua, louvamos com muita fé
A Dona Figueira esta pro que der e vier 
 Esta pro que der e vier
 Esta pro que der e vier
Não mexa com a Figueira, brincadeira ela não é 

 Ponto de chamada

 Ela é poderosa, sacerdotisa, ela é feiticeira
Salve esta moça bela, é mojibá, é Dona Figueira 
 Ela é poderosa, sacerdotisa, ela é feiticeira
Salve esta moça bela, é mojibá, é Dona Figueira 

 Seu bailar nos contagia, traz o encanto e magia
Como é lindo o seu Asé, seu Asé, 
Moça fina e educada, dando a sua gargalhada,
dá conselho a quem tem fé

Uma noite linda, noite linda de luar 
É só chamar pela Figueira
Dona Figueira é Mojibá 
Uma noite linda, noite linda de luar 
É só chamar pela Figueira
Dona Figueira é Mojibá 

Aprenda uma bela oferenda para utilizar em agrados e atos devocional para a Pomba Gira da Figueira.

 Elementos Necessários:
✓ Um alguidar grande
✓ Farinha de milho grossa
✓ Vinho tinto suave
✓ Sete bombons (dos tipo: serenata, sonho de valsa..)
✓ Bife suíno
✓ Sete cigarros de menta
✓ Um tomate vermelho
✓ Uma maçã vermelha.

 MODO DE PREPARO – lave o alguidar com um pouco de vinho a parte de dentro e espere secar. Faça uma farofa de milho grossa misturado com vinho tinto suave, tornando ela um pouco úmida e bem soltinha, coloque dentro do alguidar. Ponha sete bombons abertos sem o plástico, de maneira circular, nos cantos das bordas. Coloque sete rodelas de tomates, espalhando no centro da farofa (no meio), ponha por cima um bife de porco que foi refogado levemente no dendê e bem apimentado. Coloque sete rodelas de maçã verde em volta dos tomates. Se caso não tiver assentamento ou representação deste ancestral em seu ilê (casa/terreno), leve para uma boca de mata repleta de árvores ou para baixo dos pés de uma figueira, podendo ser em um morro alto. Ponha o alguidar no chão, despeje em volta o vinho tinto, fazendo um círculo, em volta do alguidar. Acenda os sete cigarros, fazendo seus pedidos e jogando a fumaça em cima da oferenda. Ponha os cigarros nas bordas, bem nos cantos. Se quiseres, acenda sete velas (com cuidado para não provocar incêndios). Após terminar, saia sem olhar para trás.

Uma bela receita, simples e prática para o seu culto a esta Pomba Gira.

 Elementos Necessários:
✓ Um alguidar grande
✓ Farinha de milho
✓ Azeite de dendê
✓ Milho para pipoca
✓ Uma batata doce assada
✓ Sete carnes moídas cruas em formato de almôndegas
✓ Sete figos cristalizados
✓ Um bife bovino
✓ Seis velas brancas
✓ Uma vela vermelha
Uma cigarrilha
✓ Caixa de fósforo
✓ Um champanhe vermelho
✓ Uma taça (nova, sem uso)
✓ Um pente
✓ Sete rosas vermelhas (sem o cabo e ou espinho)
✓ Uma maçã.

 MODO DE PREPARO –lave o alguidar com champanhe, ao secar, faça uma farofa de farinha de milho com dendê, um pouco úmida. Coloque um bife bovino por cima, no meio, coloque as carnes moídas cruas em volta. Arrume-os os sete figos dentro do alguidar, ponha uma batata doce assada (podendo ser no mel e cortada em rodelas) e coloque no alguidar, ponha no meio uma maçã. Coloque enfeitando nas bordas, as rosas no prato, ou em volta dele. Por cima ponha um pouco de pipoca feita de maneira normal (sem açúcar ou sal). Leve uma caixinha com os presentes, onde ela deve estar aberta na hora da entrega. Leve para boca de mata ou em baixo de uma figueira, ponha o alguidar, despeje a bebida em volta, acenda a cigarrilha e ponha no alguidar, acenda sete velas em voltas, fazendo seus pedidos a ela.

A Pomba Gira da Figueira é um dos espíritos de rara incorporação, uma grande conhecedora dos mistérios e segredos da natureza, capaz de conceder prosperidade, conhecimento oculto e ajudar nas causas amorosas.
Esta entidade possui uma ligação forte com a árvore figueira e para entendê-la, é necessário se aprofundar nos estudos sobre a figueira  (clique aqui). A árvore figueira possui uma mitologia e simbologias incríveis em diversas culturas, como no Judaísmo, Budismo e muito mais. Porém, atualmente é vista como uma árvore de conexões diabólicas, uma espécie de morada para as crituras noturnas e malignas. Este tipo de associação da figueira com algo diabólico se consolidou através de uma passagem bíblica onde Jesus amaldiçoava uma figueira (Marcos 12:11-14). Em culturas muito mais antiga a figueira era tida como uma árvore divina ligada a iluminação, local de bons fluídos, voltada a meditação ou até mesmo de descanso sagrado.

A Kimbanda, assim como o Vodu, acredita que existem árvores onde servem como entrocamento energético onde os espíritos ancestrais costumam se agrupar em busca de evolução espiritual ou conhecimento. Dentro da Kimbanda há a crença de que a figueira é um portal onde pode se comunicar e conjurar quem vive nas profundezas do oculto através de suas raízes, ou até mesmo quem vive num plano superior através da sua parte alta onde fica as folhas, representando a subida e descida dos espíritos.

Assim como o cruzeiro das almas, a figueira é um refúgio dos antepassados, um ponto de ilumimação e caminho espiritual, além de poder despertar vidência e conhecimentos ocultos em seus praticantes, grandes líderes espirituais que se tornaram figuras ilustres nas religiões tiveram envolvimentos com esta árvore em vida terrena.

Há correntes que seguem a crença de que ela é o lar dos demônios e outros espíritos obscuros que entraram na árvore amaldiçoada em busca de refúgio e proteção. E dentro das artes ocultas, muitos usam da figueira para estabelecerem pactos de proteção e invisibilidade, até mesmo assassinos buscam feiticeiros para fecharem seus corpos ou evitar que sejam mortos por tiros, esfaqueamentos e etc. Na antiga cidade onde eu morava haviam muitos contos sobre criminosos que estavam sendo procurados e estavam sangrando e ao entrar na mata e se esconder de baixo de uma figueira, não foram vistos por seus perseguidores, como se tivessem uma sombra que os tornassem ocultos por um certo tempo.

Pomba Gira da Figueira e sua legião de espíritos femininos são bem antigas, viveram há milênios em passagens sobre a Terra e alcançaram um enorme grau de sabedoria e discernimento, desempenhando uma função de ‘protetoras das raízes do culto’, essas senhoras são responsáveis por guardar toda sabedoria, conhecimento e práticas mágicas proibidas e que tiveram envolvimento ancestral. Mas isto não significa que morreu quando era muito idosa, geralmente este tipo de feiticeiras muito idosas são atraídas para outras falanges como a de Tata Mulambo, entre outras.

Seus praticantes buscam seus poderes para pedir força, discernimento, conexões ancestrais, além de saúde, equilíbrio material e harmonia. Diferente que a Maria Mulambo, Maria Navalha, entre outras, a Pomba Gira da Figueira não costuma trabalhar em demandas, mas quando entra, pode causar a morte de seus oponentes, pois por ser ligada ao conhecimento oculto e proibido, consegue acessar o estado mental do adversário e levá-lo ao adoecimento mental e carnal.

Por ser um tipo de Pomba Gira que trabalha com as raízes mágicas da figueira, pode causar doenças no sistema linfático e fazendo com que o sangue perca seus nutrientes (magia de envenenamento).

 PONTO CANTADO 

Foi em uma estrada velha, na subida de uma serra
Numa noite de luar (de luar, de luar) 
Pomba Gira da Figueira, Moça bela e faceira
Dava o seu gargalhar 
Ela é mojubá, Ela é mojubá, Ela é mojubá, Ela é mojubá.