Esta oferenda pode ser entregue no assentamento ou na natureza.
Elementos necessários:
Um alguidar médio
Um pano preto
Arroz branco
Uma beterraba
Uma cenoura
Couve
Um ovo de galinha
Um bife de porco
Um bife de fígado
Um bife bovino
Sete velas vermelhas e pretas
Um conhaque João da Barra ou Underberg.
MODO DE PREPARO – lave o alguidar com um pouco da bebida deste Exú, ao secar, enforre com um pano preto (se não tiver, não tem problemas). Prepare um arroz branco cozido, após estar pronto coloque no alguidar. Enfeite em volta com sete (ou nove) rodelas de beterraba e cenoura. Prepare uma couve cozida e coloque-a no alguidar, sem o cabo. Coloque espalhadas em volta, sete (ou nove)
rodelas de ovo cozido. Refogue rapidamente os bifes no dendê e coloque ao meio do alguidar em cima das couves. Leve para uma estrada de terra ou cemitério, despeje a bebida no chão fazendo um círculo saudando Exu Tata Caveira, ao terminar, coloque o alguidar no chão, acenda as sete velas em volta fazendo seus pedidos. Ao terminar, saia sem olhar para trás.
Exu Tata Caveira
A Palavra “Tata” e Sua Representatividade
A palavra “Tata” é de origem banta (ou bantu) e significa “pai”, sendo um título de respeito e representatividade concedido aos mais velhos.
O termo constitui uma evidência fundamental da herança banto no Brasil, especialmente nas religiões de matriz africana. Pesquisas linguísticas e teses universitárias confirmam que tata (ou tate) é uma forma de tratamento usada para designar “pai” ou “ancião” em diversas línguas bantas, como o Quicongo e o Quimbundo — idiomas trazidos por povos da região do atual Congo e Angola durante o período da diáspora africana.
Contexto Religioso
No Candomblé de Angola, o termo Tata é essencial na estrutura hierárquica.
Expressões como Tata de Inkice ou Tata ria Nkisi designam o sacerdote responsável por zelar pelos iniciados (filhos de santo). Esse título confere autoridade espiritual, sabedoria e liderança, refletindo a profunda valorização dos anciãos e da ancestralidade nas culturas bantas.
Pesquisadores como Nei Lopes e Kabengele Munanga destacam que essa terminologia evidencia a continuidade linguística e simbólica da tradição banta na formação das religiões afro-brasileiras.
Contexto Histórico
No Brasil colonial, registros documentais e etnográficos demonstram que o termo Tata foi amplamente utilizado, não apenas para indicar parentesco ou respeito, mas também autoridade espiritual e social dentro das comunidades negras. Essa permanência reforça a importância da cosmovisão banta na construção da identidade afro-brasileira, especialmente nas práticas religiosas como o Candomblé de Angola e a Umbanda.
Exu Tata Caveira
Exu Tata Caveira possui grau evolutivo equivalente a um Rei, porém não manifesta ostentação ou majestade.
Em terreiros que associam saberes da Goetia, é identificado cabalisticamente pelo nome Próculo.
É considerado o primeiro comandado de Exu Caveira, a quem demonstra lealdade absoluta, agindo como seu representante direto. Essa entidade não costuma trabalhar com questões amorosas, voltando-se mais para guerras espirituais, destruição e enfermidades — especialmente aquelas que envolvem vícios e desequilíbrios energéticos.
Exu Tata Caveira é conhecido por sua seriedade e rigor. Costuma atuar em locais de energia densa, como a sétima catacumba do lado esquerdo nos cemitérios, onde recebe suas oferendas.
Seu domínio é o limite entre a vida e a morte, simbolizando o poder da transformação espiritual e a justiça dentro das leis de equilíbrio universal.
Oferenda a Exu Tata Caveira
Elementos Necessários
1 alguidar médio
Azeite de dendê
1 bife
Cachaça
Farinha de milho fina
7 charutos
7 velas vermelhas e pretas
1 pano preto
Modo de Preparo
1. Lave o alguidar com cachaça e deixe secar.
2. Forre o interior com o pano preto.
3. Misture a farinha de milho com um pouco de azeite de dendê, usando a mão esquerda, até formar uma farofa levemente úmida.
4. Refogue o bife rapidamente no dendê e coloque-o sobre a farofa.
5. Leve a oferenda ao assentamento, cemitério ou sob uma árvore de sombra nas matas.
6. Despeje cachaça em volta, saudando Exu Tata Caveira.
7. Coloque o alguidar no chão e acenda as sete velas com cuidado, evitando incêndios.
8. Acenda os sete charutos e, a cada um, bafore o fumo enquanto faz seus pedidos ao Exu.
Ponto riscado
Ponto Cantado
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Soltaram um bode preto meia-noite na Calunga,
Soltaram um bode preto meia-noite na Calunga.
Ele correu os quatro cantos, foi parar lá na porteira,
Bebeu marafo com Tata Caveira.
Ele correu os quatro cantos, foi parar lá na porteira,
Bebeu marafo com Tata Caveira.
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Bibliografia Consultada
LOPES, Nei. Dicionário Banto do Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.
MUNANGA, Kabengele. Origem e historicidade do termo Banto. São Paulo: USP, 2008.
CASTRO, Yeda Pessoa de. Falares Africanos na Bahia: Um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Topbooks, 2001.
OLIVEIRA, Edson Carneiro. Religiões Negras: Negros Bantos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.