Trabalho prático com Exu Cainana para tirar o amargor da sua vira, afastar melancolia, tristezas
Esta magia é dedicada ao Exu Cainana.
Elementos necessários:
✓ Um alguidar grande
✓ Sete maxixes
✓ Vinho branco seco
✓ Uma vela verde
✓ Um charuto (na impossibilidade, em último caso, pode ser um cigarro)
✓ Sete pés de galinha aferventados
✓ Sete jilós
✓ Farinha de mandioca
✓ Azeite de oliva
✓ Sal
✓ Mel de abelhas.
MODO DE PREPARO – cozinhe o maxixe e o jiló inteiros, com um pouquinho (uma pitada) de sal, não deixando que amoleçam demais. Retire da água e deixe esfriar. Misture bem a farinha, o azeite, o mel e coloque no alguidar. Coloque os jilós e os maxixes no centro e enfeite em volta da farofa com os sete pés de galinha. Leve para uma estrada longe ou para uma encruzilhada e peça a Exu Cainana para que ele ajude você a caminhar, a prosperar, a crescer, etc. Acenda o charuto (ou cigarro) e a vela, borrife um pouco do vinho no presente e espalhe o restante em volta, sempre fazendo os pedidos ao Exu.
Exu Cainana
Esta entidade possui origem na cultura indígena brasileira, sendo aquele que é meio serpente e meio homem. O culto a este espírito se deu dentro da Kimbanda com o surgimento da Linha dos Caboclos Kimbandeiros, suas origens está ligada a lenda dos filhos gêmeos da serpente boiçú, que nos aponta um certo direcionamento do porquê na cantiga das mais conhecidas deste Exú, cita “Exu Cainana, que te matou Cainana?”, é um conto muito antigo da região Amazonas no território brasileiro, vejamos:
“Há muito tempo atrás quando os deuses indígenas ainda reinavam nesta terra, o maior entre eles criou três espiritos que tinham a forma de serpentes. Esse deus se chamava Yamandú. E era ele que governava sobre todas as divindades. As três serpentes sagradas eram Boiçú (a cobra grande), Boiúna (a cobra negra) e Boitatá (a cobra de fogo). As três eram muito temidas pelos índios, pois eram terríveis. Um dia a serpente Boiçú estava nadando nas águas de um rio quando viu próximo a margem uma belíssima índia que se banhava. Boiçú tinha o hábito de engolir todos os homens que encontrava, mas a Índia era tão bela que ele se apaixonou. Boiçú usou seus poderes para se transformar em um homem e a beleza de sua forma humana era tão diferenciada devido ao encanto que a índia quando o viu também se apaixonou. Ela tanto falava com o homem, mas ele não falava nada. Apenas a olhava com uma expressão de desejo no olhar. Boiçú e ela se amaram naquele local, mesmo estando nas águas do rio. Após terem se envolvido sexualmente, o feitiço se desfez e o homem voltou a sua forma de serpente. A índia quando percebeu que estava abraçada a uma serpente, ficou assustada e desnorteada, desesperada correu para longe, voltando para sua aldeia.
Dias depois ela descobriu que estava grávida e como ela era jovem, não teve coragem de contar para os seus familiares sobre o que havia ocorrido. Com o passar dos meses a barriga cresceu e a aldeia inteira quis saber quem era o pai da criança. Mas ela se negava a falar. Foi então, que chamaram o Pajé para falar com ela. Como ele era um homem iniciado numa magia muito antiga, usou de seus meios para fazer ela dizer a verdade. O Pajé ficou muito preocupado quando soube que ela estava grávida da serpente Boiçú. Ele acompanhou toda a gestação usando de sua pajelança para apaziguar os espíritos que estavam crescendo dentro do útero da jovem. No dia do parto houve uma surpresa, não haviam crianças, o que saiu de dentro dela foram duas cobras: uma branca (macho) e uma preta (fêmea). O Pajé quando viu a índia na esteira e as cobras no chão diante das pernas que estavam abertas da mãe, reparou que elas rastejavam sem enconstar com as cabeças no solo, e por isso as chamou de “Boi-Caninana”, que significa “serpente que tem a cabeça erguida”. A índia então as batizou de Caninana. Ela manifestou o desejo de ficar com as duas Caninanas, mas o Pajé a alertou que elas teriam o caráter de Boiçú e que era muito perigoso ficar com elas na aldeia.
A índia muito triste, foi até um rio e deixou as duas na margem. O Pajé realizou feitiços para fazer as serpentes se afastarem e elas foram embora. O tempo passou e elas cresceram, ficaram gigantescas do tamanho do pai Boiçú. E assim como ele, as duas cobras tinham o poder de se transformar em gente. Eles então se transformavam e iam para as festas nas aldeias, além de visitar os povoados dos homens brancos.
Por viverem muito entre esses homens brancos, a cobra macho recebeu deles um nome português de ‘Norato’ e a fêmea de ‘Maria’. Maria Caninana e Norato Caninana.
Eles dois eram como unha e carne, viviam juntos. Norato era um galante, ele amava se transformar em gente para seduzir as moças. Diferente da Maria que era perversa, em forma de cobra ou de mulher, ela só fazia maldades. Quando ela estava em forma de cobra matava os bichos da floresta, os peixes do rio, virava as embarcações e engolia os pescadores. Quando estava em forma de mulher, seduzia os homens e os levava para o matagal, onde os matava ou ia para o rio onde os afogava.
Norato amava Maria, mas ele mesmo tinha medo dela. Ela fazia coisas monstruosas, maldades inimagináveis com todas as criaturas que cruzavam seu caminho, herdando o lado monstruoso de seu pai, diferente que Norato que ficou com lado mais sedutivo e de desejos.
Um dia Norato tomou coragem e quando Maria Caninana estava dormindo em forma de cobra, ele a matou. Foi o único jeito que ele achou para parar os terríveis massacres. Maria Caninana deixou sua forma física e se transformou em um espírito encantado. Norato seguiu sozinho com uma meta na cabeça de querer deixar de se cobrar para virar homem para sempre. Toda vez que ele se transformava em homem, ele deixava o seu corpo de serpente dormindo na margem do rio e seguia em forma humana para os festejos, porém ele só podia ser homem durante a noite.
Norato tomou coragem e voltou a aldeia de sua mãe, durante uma madrugada, ele procurou o Pajé e perguntou a ele como fazer para abandonar a sua forma de Cobra Caninana.
O Pajé consultou os espíritos e revelou que havia um rito bem simples, Norato devia pedir para alguém ir até seu corpo de serpente e colocar leite dentro da boca, depois cortar a pele da cobra, o suficiente para fazê-la sangrar. Norato foi até sua mãe e implorou a ela para ir no rio fazer o rito, ela aceitou ajudar e foi, mas quando viu a cobra gigantesca, não teve coragem de se aproximar e desistiu. Ele passou então a ir todas as noites nas aldeias e nos vilarejos para pedir ajuda para suas muitas namoradas, mas nenhuma delas teve coragem. Para sua sorte, ele conheceu um homem muito valente. Norato era tão belo que até os homens o olhavam de um modo diferente.
Esse homem disse a ele que teria a coragem para fazer o rito, e ele fez! Ele jogou leite na boca da cobra e a cortou com um facão. O corpo da cobra pegou fogo e desapareceu, Norato se tornou humano. Ele viveu a sua vida cheia de amores e de festas, até que morreu na sua fase de idade avançada.
Quando morreu se tornou um espírito encantado e voltou para junto de Maria. São uma dupla encantada, Maria Caninana e Norato Caninana.”
Nas regiões sudeste do Brasil, o nome Caninana virou “Kainana”, Maria, a Pombagira Kainana e Norato, o Exú Kainana. Esta entidade é um Exu dos tempos antigos, possuindo grandes poderes espirituais. Protetor dos caminhantes, dos viajantes, daqueles que trabalham nas estradas, e inimigo das desigualdades sociais. Grande amigo dos que procuram nas necessidades, a maioria dos Exus das florestas, são espíritos muito antigos, que não gostam muito de barulhos e a maioria é de pouca conversa, não gostando de ser chamado por diversas vezes a virem em terra (incorporar). Segundo o Mestre de Kimbanda Alberto Júnior, Exu Kainana ou Cainana, teria uma total ligação com o Exu Cobra que é um dos comandantes das falanges dos espíritos que se encantam em cobras.
PONTOS PARA EXU CAINANA EM DIFERENTES VERSÕES
VERSÃO 1
Exu Cainana, quem te matou Cainana? (2×)
Foi seu Tranca-Ruas, foi seu Marabô, foi Exu do Lodo
Cainana, mas quem te matou?
Exu Cainana, quem te matou Cainana? (2×)
OBS: Nesta primeira versão costuma ser citado diversos Exus pertencentes ao terreiro.
VERSÃO 2
Exu Cainana, quem te matou, Cainana? (×2)
Na beira do rio, Cainana
Alma já minou, Cainana
Exu Pantera, Cainana, ele não bambeia!
Exu Cainana, quem te matou, Cainana? (×2)…
VERSÃO 3
Exu Cainana, quem te matou Cainana? (×2)
Eu tava na beira do rio, Cainana
Uma cobra me mordeu, Cainana
Eu chamei Seu Exu Cobra, Cainana
Ele é grande amigo meu…
Exu Cainana, quem te matou Cainana? (×2)
Eu tava na beira do rio, Cainana
Uma cobra me mordeu, Cainana
Eu chamei Seu Exu das Matas, Cainana
Ele é grande amigo meu…
Essa cobra é Cainana (×2)
Porque teus pés não me engana
Eu fui no alto da serra, na serra do Amazonas,
Lá no alto eu encontrei, eu avistei Cainana
Essa cobra é Cainana (×2)
Porque teus pés não me engana.
Estatueta minoica da “Deusa das Serpentes”, 1600 a.C., Museu Arqueológico de Heraclião.
CRÉDITOS:
Artistas da imagem destaque: Marcio Takara e Marcelo Maiolo.
Oferenda para Exu Pantera Negra
Esta oferenda é muito boa para ser entregue em frente ao assentamento ou na natureza.
Elementos necessários:
✓ Um alguidar grande
✓ Sete bananas
✓ Frutas cristalizados
✓Um bife bovino
✓ Um bife de fígado
✓ Vinho tanto suave
✓ Pipocas
✓ Sete batatas
✓ Milho vermelho
✓ Sete velas brancas
✓ Folhas de arruda
✓ Um charuto
✓ Batata inglesa modelada cachimbo, moelas cruas
✓ Farinha de mandioca branca.
MODO DE PREPARO – Em um alguidar misture vinho tinto com farinha de mandioca, deixando bem soltinho a farinha e bem úmida. Coloque sete bananas em volta das bordas, um bife de gado e fígado ao meio, coloquem as frutas cristalizadas em volta junto com as bananas, prepare um pouquinho de pipoca e coloque enfeitando uns punhadinhos em cada parte, torre o milho (não queimado) e coloque junto também em um cantinho do alguidar, acrescente folhas de arrudas enfeitando. Coloque batata inglesa preparada, moelas cruas levemente no dendê. Após estar preparada acenda o charuto e as velas e ofereça ao Exu Pantera Negra.
Locais de entrega: Grutas de florestas, morros altos, bocas de mata ou em brejos.
Exu Pantera Negra e seus valores culturais
O Exu Pantera Negra é um grande chefe que comanda a linha dos Caboclos Quimbandeiros, mas as suas raízes estão ligadas fortemente a cultura indígena e a fatores culturais que foram agregados pela mistura de troca de conhecimentos e elementos por diversos povos. Há no processo histórico povos indígenas que acreditavam que quando um de seus guerreiros morressem, reencarnaria em um animal que tivesse maior ligação e continuaria protegendo as aldeias e a conexão com a natureza iria se manter, por isto que em muitos ensinamentos xamânicos é dito que ‘há um animal em nossa jornada que é um reflexo do nosso ser’. Acreditamos que o Exu Pantera Negra teria sido um guerreiro que ao morrer, sua energia se interligou ao animal Pantera Negra. Os Exús são espíritos mensageiros que se podem apresentar de diferentes formas, sendo ela na forma humana ou animal, e muitos dos que são ligados ao Reino das Matas costumam poder ver aparições ou sonhar com a sua entidade numa forma animal.
Sem sombras de dúvidas, temos Exús e Pombas Giras que possui seus animais de ligação, onde são formas encantadas de manifestações, um exemplo emblemático é o Exu Morcego, pode se apresentar através de sinais, com um morcego e há magias feitas com morcegos voltado a esta entidade. Exú Pantera Negra não é tão diferente, é um guerreiro indígena que pode aparecer para seus cultuadores numa forma de Pantera Negra ou em suas possessões espirituais em seus médiuns, apresentar comportamentos que nos interliga à Pantera.
Existe muitos autores que citam o Exu Pantera Negra, devido ser muito conhecido nos livros de Quimbanda pelo mundo, mas não é tão comum na prática presenciarmos filhos desta entidade, o autor Danilo Coppini em suas pesquisas, trouxe alguns elementos histórico em seu livro (página 374/376) que nos ajuda a aprofundar sobre as origens do Exu Pantera Negra, vejamos:
Historicamente, a “Pantera” foi objeto de veneração por diversos povos antigos. Conhecido também como Jaguar, esse felino de grande porte foi símbolo de força e guerra para algumas culturas pré-colombianas. Os povos Olmecas (1500 e 400 a.C.), civilização-mãe de todas as civilizações mesoamericanas cultuava o “Deus Jaguar” como Senhor da Guerra, Dono da Terra e das Florestas; tido como uma das principais deidades desse panteão. Existem relatos de que alguns adeptos multila-vam suas faces para de alguma forma se conectar ao Sagrado Deus. Na América do Sul, destacamos a cultura Andina como a “nascente” do culto à Pantera Negra. Ao contrário do que a grande maioria pensa, antes da formação tirânica do Império Inca, os povos da Floresta Amazônica e os povos andinos tiveram intensa troca mercantil e cultural. Esse intercâmbio ocorreu durante milênios e apenas com o estabelecimento do Império Inca (Estado) foi que houve uma diminuição significativa, haja vista que os povos amazônicos resistiram à conquista e expansão Inca.
Nesse mesmo período, índios Chiriguanos (Guaranis) provenientes do Paraguai e Bolívia também fizeram suas incursões dentro dos mesmos territórios fronteiriços. Novamente ocorreram trocas culturais. Posteriormente, seja através de guerras tribais ou de contato ameno, existiram trocas entre os Guaranis e os Tupis e até mesmo dos Tupis com os próprios Incas. O mito de “Titi” (dialeto Aymara), o Puma/Jaguar sagrado, o animal totêmico do poderoso deus Tezcatlipoca, cuja força e poder mataram os antigos gigantes, foi assimilado pelos povos nativos da bacia amazônica e posteriormente pelas demais tribos que tiveram contato com a religiosidade Inca. O poderoso felino, símbolo de poder e guerra, tornou-se um expoente do próprio fogo e muitos mitos e lendas foram criados a partir de então. O guerreiro que carregava a pele ou dentes de Pantera era considerado poderoso e inatingível.
Na região da Bacia Amazônica até os dias atuais, existem tribos “Matsés” conhecidas como “povo onça”, que pintam suas peles ou mesmo as tatuam como a pele do felino. No Continente Africano, segundo a mitologia Bantu, a Pantera (Leopardo) aparece como um dos nove primeiros animais vomitados por “Bumba” no processo formador do mundo. Outras lendas descrevem o felino com o nome de “Osebo”, o leopardo de dentes terríveis. Porém, a mais interessante delas no contexto do processo formador da legião de Exu é a lenda de “Agassou” (o bastardo). Reza a lenda que há muito tempo atrás, uma jovem princesa africana “Alìgbonon” apaixonou-se por uma grande Pantera. Os dois copularam e tiveram um filho chamado “Agassou”. Esse personagem, em noites de “lua cheia” transforma-se em leopardo. Toda linhagem de “Agassou” (denominada kpòvĭ – filhos do leopardo) carregava o mesmo poder e foram trazidos para as Terras Americanas através do processo escravista. Um desses homens-leopardos fugiu de seu cativeiro e foi se esconder numa remota tribo indígena, dando origem a uma nova linhagem de homens-leopardos. Agassou é cultuado até os dias atuais, como grande Loa e, em algumas regiões da África, como um poderoso Rei de uma linhagem sagrada. A influência europeia sob as culturas africanas, fez com que alguns acreditassem que Agassou fosse a personificação do próprio arcanjo Cassiel “O Espelho de Deus”, que veio a Terra na forma de um leopardo. O mito de mulheres que copulavam com Panteras também ocorreu na América pré-colombiana dando origem à lenda dos “homens-jaguares”. Esses cruzamentos são muito similares a lenda dos Nephilins, outra antiga história que retrata seres “semidivinos”.
No território brasileiro, os índios e os negros acabaram fundindo muitos aspectos culturais que, posteriormente foram sincretizados com a cultura europeia. A “Pantera Negra” tornou-se o expoente da força, guerra, proteção e divindade. Por ser negra, os antigos acreditavam que era a poderosa sombra dos antigos Reis que outrora governavam a Terra. Os mitos dos povos pré-colombianos, amazônicos, africanos e europeus formaram a energia necessária para que o nome, bem como, as qualidades desse felino fossem perfeitas para retratar uma das mais poderosas linhagens de Exu: Os “Exus Pantera Negra”.
PONTO PARA GUERREAR
Ninguém pode com o bicho
Ninguém pode com a fera
Eu quero ver quem é que pode
Com a falange do Pantera
Ninguém pode com o bicho
Ninguém pode com a fera
Eu quero ver quem é que pode
Com a falange do Pantera
PONTO DE CHAMADA
Ele vem vindo por trás da bananeira (X2)
Saravá seu Belzebu, Exu Pantera Negra (X2)
• REFERÊNCIA:
COPPINI, Danilo, Quimbanda – O Culto da Chama Vermelha e Preta. 4.ed. São Paulo: Via Sestra, 2023.
Exu Pantera Negra
Quando qualquer kimbandeiro pensa na Linha dos Caboclos Kimbandeiros, é quase impossível não pensar no Senhor Pantera Negra, pois ele é o chefe desta linha. Ouvir o nome “Pantera Negra”, faz com que o cérebro humano possa associar com um felino de grande porte e pele escura, cuja presença causa enorme impacto e temor por muitos. O Exu Pantera Negra é um espírito com alto envolvimento com a cultura indígena, um guerreiro da tribo, caçador e feiticeiro. Há muitos pensamentos a respeito do motivo do nome de batismo ser “Pantera Negra”, mas ao analisar tribos indígenas, encontramos povos que dão nomes de animais aos bravos guerreiros da tribo, principalmente num aspecto mais xamânico, onde o animal do poder em que a pessoa tem ligação pode passar a ter o nome daquele mesmo animal. O nome Pantera Negra nos traz o sentido do que possui enorme coragem, agilidade e também costuma ser terrível.
Este Exú tem enormes forças para vencer demandas, pode realizar trabalhos de ataques, tendo estilo de comportamento ligado a Pantera. Esta entidade tem o poder de curar doenças consideradas incuráveis, além de possuir um poder de enriquecer quem a ele recorrer. O fato dele participar da Linha dos Caboclos Kimbandeiros não é atoa, pois é uma das linhas de espíritos que se apresentam como índios, possuindo especialidades nos trabalhos de cura, desobstrução, favorecimento de riquezas materiais e tesouros, são exímios guerreiros.
Pantera Negra não é o nome de uma espécie de animais. É um termo abrangente que se refere a qualquer felino grande e com pelo preto. Esta condição de cor é causada pelo gene agouti, que regula a distribuição do pigmento preto dentro da haste do pelo, de acordo com a Universidade da Califórnia em Davis. É mais conhecido nos leopardos, que vivem na Ásia e na África, e nas onças-pintadas, habitantes da América do Sul.
De acordo com o Big Cat Rescue, a coloração é ocasionada por uma melanina excedente, um animal que acaba adquirindo esta condição é conhecido como “melânico”. Na Kimbanda à legião “Pantera Negra” são idênticos ao animal, agem de forma veloz, agressivos, preferem ficar isolados, costumam se movimentar silenciosamente. O animal Pantera Negra possui uma das mordidas fortes e letais no reino animal e ostenta unhas afiadas como sua forma de arma natural.
A linha dos Caboclos Kimbandeiros é comandada pelo seu chefe Exu Pantera Negra e são componentes desta falange espiritual:
1. Exu 7 Cachoeiras
2. Exu Tronqueira
3. Exu 7 Poeiras
4. Exu das Matas
5. Exu 7 Pedras
6. Exu do Cheiro
7. Exu Pedra Negra
》Pomba Gira – Da Figueira.
Cada uma destas entidades citadas, possui diversos espíritos subordinados a eles. São os principais seres que administram e estão mais próximo do trono do Reino das Matas.
PONTO CANTADO DE CHAMADA
Vermelho é a cor do sangue do meu pai
E verde é a cor das matas
Vermelho é a cor do sangue do meu pai
E verde é a cor das matas
O Saravá o Exu Pantera Negra
O Saravá as matas que ele mora
PONTO CANTADO PARA PROTEÇÃO
Eu vou fazer magia negra e um pacto com cão
Eu vou fazer magia negra e um pacto com cão
Eu vou chamar Pantera Negra que é pra minha proteção
Eu vou chamar Pantera Negra que é pra minha proteção
OFERENDA
Elementos necessários:
✓ Um alguidar grande
✓ Milho vermelho
✓ Um pimentão verde
✓ Uma cebola
✓ Azeite de dendê
✓ Sete charutos
✓ Uma vela branca
✓Cachaça
MODO DE PREPARO – lave o alguidar com um pouco de cachaça e espere secar. Corte bem picadinho a cebola e o pimentão, misture com o milho vermelho em uma panela, torre no azeite de dendê (não deixe ficar preto) e depois ponha no alguidar. Caso não tenha assentamento leve para uma boca de mata ou subida de uma serra que tenha trilhas, ponha o alguidar no chão (ou use folha de bananeira), acenda sete charutos em volta fazendo seus pedidos e arrumando eles na borda do alguidar. Despeje cachaça em volta do alguidar e acenda uma vela branca ao lado, fazendo seus pedidos ao Exu Pantera Negra.
Ponto riscado
Pomba Gira Maria Quitéria
Maria Quitéria é uma das Pombas Giras ligada as guerras e a sexualidade. Historicamente esta entidade é associada Quitéria que foi presente no processo de independência do Brasil. Assim como a mártir francesa Joana D’Arc, essa mulher se vestiu como homem para entrar em batalha. A história também relata que Quitéria não era como as mulheres comumente daquela época, pois ela gostava de caçar, manejar armas, entre outras atividades que eram mais comuns a serem feitas por homens, não pôde ter acessoa uma educação formal e sua maior professora foi a vida. Ganhou uma condecoração do próprio Imperador, pois era uma guerrilheira, muito rebelde e passou por cima da vontade do próprio pai para ir as trincheiras de guerra.
Um dos pontos mais antigos e cantados para Pomba Gira Maria Quitéria, cita que ela usa um nome apenas em tempos de guerra, fazendo alusão a história desta entidade e a sua paixão pelos combates.
Ela tem um nome tão lindo
Que ela só usa em tempos de guerras Se quiserem saber o seu nome
Ela é a Maria Quitéria
Ela tem um nome tão lindo
Que ela só usa em tempos de guerras Se quiserem saber o seu nome
Ela é a Maria Quitéria
Marias tem tantas por aí
Toma cuidado para não se confundir Marias tem tantas por aí
Toma cuidado para não se confundir
Ela é Maria
Ela é a Maria Quitéria Ela é Maria
Ela é a Maria Quitéria
》QUITÉRIA NO PLANO ESPIRITUAL
A falange da Maria Quitéria, são de espíritos ligados ao Reino das Almas e ao Reino do Cemitério, pois esta entidade tem uma forte ligação com estes dois reinos, trabalhando na vibração do grande mestre Senhor Omolú. A legião destes espíritos femininos são de pessoas que em suas vidas guerreavam em busca de seus sonhos, seus desejos e planos de conquistas. Quitéria mostrou que a capacidade feminina possui uma alta força, inclusive em confrontos armados. Esta é uma falange de espíritos fortes, que podem ser invocadas para ajudar nas lutas, militarismo e situações que envolva perigos.
Como o próprio Mestre de Kimbanda Alberto Junior afirma “geralmente estas Pombas Giras que tem Maria no nome, costumam ser muito antigas e de alta hierarquia”. E devido a ligação da Maria Quitéria com Reino das Almas, sua falange rege a trajetória das Almas que falecem ou faleceram durante batalhas. Há alguns autores de livros de Kimbanda que afirmam que a Maria Quitéria teria ligação com o Reino da Lira, mas não defendemos esta linha de pensamento, pois Maria Quitéria não é como a Dama da Noite, Maria Navalha, entre outras.
Maria Quitéria tem uma grande ligação com as entidades: Maria Padilha das Almas e Sete Saias. Assim como a Quitéria, Sete Saias é um espírito que é tanto ligado a sensualidade, como também a diversas formas de combate. Maria Padilha é uma grande mestra feiticeira e, aprendemos que se uma entidade tem uma ligação muito forte com certos tipos de espíritos, a tendência é que tenham uma aproximação devido a certas similaridades e energias ou trocam conhecimentos entre si.
Na imagem de gesso da Pomba Gira Maria Quitéria, é muito comum encontrarmos uma das mais antigas e conhecida, onde esta entidade sempre se encontra com um punhal na mão e um crânio aos pés, o que nos faz refletir sobre ser uma entidade pronta para atacar os inimigos e além de possuir grandes conhecimentos ocultos guardados, principalmente ligados a morte. Com todas as informações apresentadas, chegamos a conclusão que na Kimbanda seus poderes são invocados quando seus devotos precisam de forças para a guerra ou para tomar duras decisões, principalmente nas que envolva liberdade e conquistas. Maria Quitéria pode responder nos outros caminhos como: Encruzilhadas, Figueira, Campinas, Cruzeiro, mesmo não sendo caminhos e reinos de maior ligação e correspondência.
PONTO CANTADO
Ki ki ki ki ki
Ki ki ki Kitéria Ela trabalha nas almas, ela trabalha no inferno, na força da calunga, nos sete cruzeiros
Ki ki ki ki ki Ki ki ki Kitéria Ela trabalha nas almas, ela trabalha no inferno, na força da calunga, nos sete cruzeiros…
OFERENDA
Elementos Necessários:
✓ Um alguidar grande
✓ Arroz branco
✓ Couve
✓ Linguiça fina (não é linguiça de churrasco, é linguiça para por no arroz)
✓ Sete moedas douradas
✓ Sete rosas (sem cabo ou espinho)
✓ Sete velas vermelhas e pretas
✓ Sete cigarros
✓ Uma cereja (ou morango)
✓ Uma taça de vidro (nova)
✓ Um champanhe
✓ Mel
✓ Pó de ouro.
MODO DE PREPARO – lave o alguidar com um pouco de champanhe e espere-o secar. Faça um arroz branco cozido, com couve e linguiça e ponha ele morno no alguidar. Coloque uma rosa no meio deste prato e em volta da rosa coloque sete moedas brilhosas, em volta coloque as seis rosas que sobrou.
Despeje levemente por cima o pó de ouro nas rosas, acenda os cigarros fazendo seus pedidos e cada um coloque em cima de cada rosa ou na borda do alguidar, acenda as sete velas colocando elas acessas fora da comida, abra a garrafa de champanhe despejando um pouco de seu conteúdo em volta da oferenda. Em uma taça coloque champanhe e coloque um pouco de mel fazendo um fundo na taça, porém não coloque muito. Enfeite uma cereja (ou morango) dentro da taça e sirva a Quitéria.
Para aqueles que não tem assentamento, esta oferenda pode ser entregue no cemitério ou em cruzeiro das almas…
Ponto riscado usado para trabalhos com Quitéria e para quem canaliza este espírito. Esse ponto também serve para invocar os poderes de guerra desta Pomba Gira.
O significado de “Catiço”
Normalmente é comum ouvir dentro do Candomblé a palavra “catiço”, sendo usada para se referir aos Exús e Pombas Giras, diferenciando do Òrìṣà Èṣù ou Elégbará. Erroneamente muitas pessoas associam que os compadres e comadres são escravos dos Òrìṣà, o que não é! Pois pertencem a culturas e tradições diferentes, e há pensamentos de que “catiço” se refere a escravo, pois existe uma certa teoria que teria ligação com a palavra “cativeiro”, o que é uma idéia aceita por alguns dentro do caminho religioso de matrizes afro-brasileira. Certo ou não, se tratando deste assunto não há uma origem histórica ou cultural, apenas teorias.
Analisando o termo “Catiço” dentro do português brasileiro, pode ser compreendido como um sinônimo de esperteza e agilidade. Pois é muito comum de uma forma popular usarem esta palavra para se referir a uma criança hiperativa “Nossa! Seu filho é o catiço!”, quanto uma pessoa de má índole “Aquele homem é o catiço atirando”, o que também pode ser usado para ser referir a uma pessoa endiabrada, encapetada ou travessa. E no Candomblé é muito comum a narrativa de que Exú e Pomba Gira são espíritos muito espertos e por isso devem ter muito cuidado com acordos feitos, e que são espíritos que podem pregar travessuras, serem brincalhões ou aplicar certas punições corretivas em seus médiuns, o que reforça a teoria que possa ser este o motivo do uso desta palavra. O Professor Eduardo Henrique Costa (fundador do Universo e Cultura) ensina que os Exús e Pombas Giras são seres totalmente ligados ao movimento e os caminhos, além de ser ancestrais que podem aprender com qualquer um que observa, para ele as duas teorias de significado da palavra são aceitas, porque para cada família ou região pode ter variações nos significados do uso da mesma palavra.
No Candomblé dizer “Catiço” não é única forma adotada por alguns religiosos, há cultuadores que os chamam de “Exús-Egúns”, por ser justamente espíritos desencarnados e que atuam pelo plano astral podendo ajudar a manipular energias, trazer boa sorte ou má sorte, bênçãos ou punições.
Oferenda para Maria Quitéria
Esta oferenda é muito boa para ser ofertada para Pomba Gira Maria Quitéria.
Materiais Necessários:
✓ Um alguidar médio
✓ Farinha de mandioca branca
✓ Champanhe
✓ Maçãs vermelhas
✓ Sete ameixas vermelhas
✓ Sete figos cristalizados
✓ Sete morangos
✓ Um abacaxi
✓ Uma rosa sem cabo ou espinho
✓ Um pano vermelho
✓ Mel.
MODO DE PREPARO – lave o alguidar com um pouco de champanhe, ao secar, enforre o pano vermelho. Faça uma farofa com a mão esquerda, com farinha de mandioca e champanhe. Depois faça em uma vasilha farofa (padê) de farinha de mandioca e mel, logo após, acrescente por cima da farofa com champanhe.
Corte sete rodelas de maçã, colocando em cima enfeitando em forma de círculo deixando vago o meio, coloque sete ameixas por cima das rodelas de maçã que estão deitadas, coloque os sete morangos no meio bem juntinho fazendo uma flor, coloque os sete figos cristalizados em volta das ameixas, corte sete rodelas de abacaxi com casca colocando nos cantos do alguidar em volta dos figos, deixe a rosa no meio em cima dos morangos. Ofereça e faça seus pedidos a esta Pomba Gira.
OUTRAS OPÇÕES
Nesta oferenda é ofertado arroz com couve e linguiça sete ameixas vermelhas, sete rosas vermelhas e sete cigarros. Esta oferenda é muito apreciada por esta Pomba Gira.
Pomba Gira Dama da Noite
Esta entidade que em vida terrena foi uma mulher muito rica e bonita. Relatam algumas histórias sobre seus mistérios e sensualismo que causava desejo em homens que lhe ofereciam fortunas para passarem a noite em seus braços. Uma das senhoras da bastante suavidade na fala, apreciadora de bons perfumes e bebidas suaves, uma Pomba Gira facilitadora de encontros e romances.
A falange da Dama da Noite são de espíritos ligados ao Reino da Lira (Reino Misto), embora exercem funções em alguns outros reinos, entretanto, não possuem em seus nomes o reino onde atuam. Embora sejam entidades muito sensuais, não abusam da sexualidade, são muito misteriosas e o que fazem serem mais desejadas. Suas manifestações são como de uma mulher sensual e inocente, porém esta suposta “inocência” é uma pura armadilha de manipulação que fazem constantemente os desavisados se enrolarem em seus encantos. São espíritos extremamente ligado ao romance e as conquistas amorosas, por isto alguns gostam de trabalhar pars fins amarrativos e sedutivos.
Estas entidades em suas manifestações são calmas e delicadas, e com isso conseguem ser bastante procuradas nos casos de separação conjugal, pois são mestras na arte da calma, aconselhamentos e facilitar novos romances. Dama da Noite é uma Pomba Gira bastante sensível aos casos de abuso sexual (de forma física ou verbal) e conseguem se vingar dos malfeitores com muita crueldade fazendo sentirem dores repentinas, principalmente ligados ao peito e alucinações.
Oferenda para Dama da Noite
Elementos Necessários:
✓ Um alguidar grande
✓ Uma flor de Dama da Noite
✓ Um batom vermelho
✓ Pano vermelho
✓ Um perfume feminino (fragrância suave)
✓ Farinha de mandioca
✓ Sete bombons (como por exemplo: sonho de valsa ou serenata de amor) ou uma barra de chocolate em formato de coração
✓ Uma cigarrilha
✓ Um vinho tinto doce suave ou uma bebida de frutas vermelhas bem suave
✓ Sete velas
✓ Sete morangos
✓ Mel.
MODO DE PREPARO – lave o alguidar com a bebida comprada, ao secar, enforre o pano vermelho. Faça uma farofa, com a farinha de mandioca, mel e vinho. Ponha no alguidar a farofa. Coloque sete bombons em cima fazendo um círculo, ou o coração no centro. Ponha sete morangos em volta. Coloque o batom vermelho aberto, em pé, firmado no prato. Ponha a flor por cima dos chocolates, ou bem no centro do alguidar. Se caso não tiver este ancestral assentado, leve depois das 19:00 horas esta oferenda, para uma praça perto de casas noturnas, avenidas movimentadas, ou encruzilhadas. Acenda uma cigarrilha e ponha em cima da flor, despeje a bebida em volta do alguidar, fazendo um círculo. Acenda as velas em volta do alguidar, no lado de fora, faça seus pedidos e no final borrife um pouco do perfume feminino e saia sem olhar para trás.
Ponto riscado
🎵 Ponto cantado para Dama da Noite 🎵
🎶Ela é feiticeira, ela é poderosa, ela tem Axé.
É dona da Encruza, Rainha da Noite e do Cabaré. 🎶
🎶Seu sorriso é belo, o seu corpo é lindo, o perfume é flor.
Seu cabelo é negro o olhar certeiro, ela traz o amor. 🎶
🎶Quando vem no terreiro, não tem quem não olhe ela é linda demais.
E se tu não a conhece ela é Dama da noite, cuidado rapaz. 🎶
🎶E se tu não conhece ela é Dama da noite, cuidado rapaz.
🎵 PONTO CANTADO PARA DAMA DA NOITE COM TIRIRI 🎵
🎶O Dama da Noite, Ô minha Senhora
Cadê Dama da Noite, eu quero falar com ela 🎶
🎶Olha ela ai, olha ela ai, O Dama da Noite, a mulher de Tiriri (X2)
Oferenda para Dama Noite
Esta oferenda é muito boa para agrado para Pomba Gira Dama da Noite.
Elementos Necessários:
✓ Um alguidar grande
✓ Alguns pêssegos, laranjas, maçãs vermelhas, bananas, bem docinhas, e um abacaxi pequeno.
✓ Um Contini ou Martini
✓ Cigarro com aroma de frutas (se for para despachos, pode ser comum ou até mesmo cigarrilha)
✓ Mel
✓ Sete rosas.
MODO DE PREPARO –lave o alguidar com um pouco de bebida e espere secar. Corte o abacaxi em rodelas pequenas com casca, venha cortando as frutas de maneira bem picadinhas, cortando as laranjas em formato de cruz em tamanhos pequenos, coloquem as frutas bem picadinhas sem sementes dentro do alguidar. Despeje um pouco de bebida doce e regue com mel por cima. Coloque as rosas, sem cabo ou espinho, encima da salada de frutas. Leve para uma praça ou encruzilhada bem movimentada, ponha a oferenda no chão, despeje uma bebida em volta, acenda o cigarro (ou cigarrilha) e arrume-o no alguidar. Faça seus pedidos a ela e ao terminar saia sem olhar para trás.