Trabalho prático de magia para não deixar faltar o alimento na sua mesa, ajudar no sustento de sua família

Este feitiço é pertencente ao Exu Sete Facadas.

Elementos necessários:
✓ Um prato bonito e colorido
✓ Azeite de oliva
✓ Vinagre
✓ Fatias de bacon frito
✓ Jiló
✓ Salsa picadinha
✓ Tomate
✓ Cebola
✓ Pimentão
✓ Azeitonas verdes.

👉🏼 MODO DE PREPARO – cozinhe o jiló inteiro em água e uma pitadinha de sal. Retire do fogo e coloque no prato, enfeitando com as fatias de bacon fritas e a salsa picada. Leve para uma encruzilhada ou para uma estrada longa. Coloque ao lado do prato uma vasilha com molho à campanha feito com tomate, cebola, pimentão e azeitonas picadas, misturadas com uma pitadinha de sal, vinagre e azeite. Peça com fé e ofereça ao Senhor Sete Facadas.




Trabalho prático de magia para trazer força, segurança e proteção em suas viagens e também no seu dia a dia

Este feitiço é ligado ao Exu Sete Facadas

Elementos necessários:
✓ Um alguidar médio
✓ Um pedaço de pano vermelho de boa
qualidade
✓ Farinha de mandioca, grossa, crua
✓ Duas cebolas
✓ Um pedaço de bacon
✓ Azeitonas pretas e verdes
✓ Um peixe pargo, vermelho, cioba ou corvina
✓ Folhas de couve
✓ Uma vela preta e vermelha
✓ Charuto
✓ Vermute.

👉🏼 MODO DE PREPARO – lave a parte de dentro do alguidar, com um pouco de bebida alcoólica e espere secar. Forre o alguidar com o pano vermelho. Leve ao fogo o azeite e o bacon e deixe fritar um pouco. Acrescente a farinha, mexa bem, coloque rodelas grossas de cebolas e as azeitonas. Deixe esfriar e ponha no alguidar. Lave o peixe, sem abrir ou escamar, e dê um cozimento rápido com azeite, sem mexer, para não quebrar ou ferir o peixe. Retire com cuidado e ponha no centro da farofa, na horizontal. Enfeite com as folhas de couve, nas laterais. Leve para uma encruzilhada de terra, afastada do perímetro urbano, acenda a vela e o charuto, fazendo seus pedidos a Exu Sete Facadas. Coloque um pouco de vermute no presente e regue ao redor com o restante da bebida, sempre fazendo seus pedidos, com muita fé.




Trabalho prático de magia para trazer sorte, sucesso e movimento ao seu comércio

Este feitiço é voltado ao Exu Sete Facadas.

Elementos necessários:
✓ Um alguidar médio
✓ Charuto
✓ Whisky
✓ Um pedaço de pano preto
✓ Um pedaço de pano vermelho
✓ Folhas de alface
✓ Um frango assado recheado com farofa de bacon
✓ Sete faquinhas, pequenas, de cabo branco (de preferência de madeira)
✓ Azeitonas verdes e pretas
✓ Fatias de presunto.

MODO DE PREPARO – lave o alguidar com um pouco de whisky e espere secar. Forre o alguidarcom o pano preto e vermelho por cima, em formato de X. Coloque o frango no centro, enterre as faquinhas no frango, enfeite com as azeitonas e ponha em volta as fatias de presunto, arrumando tudo muito bem, pois Exu Sete Facadas é muito rigoroso em suas oferendas; ele gosta de refinamento de requinte. Leve para uma encruzilhada em uma estrada longa de terra, que leve para locais prósperos. Ponha em uma das esquinas, regue com um pouco de Whisky, se quiser tome também um gole e jogue o restante em volta do presente, acenda o charuto e faça seus pedidos.




Trabalho prático de magia com Exu Cainana para clarear e trazer ajuda em problemas de saúde

Este feitiço é voltado ao Exu Cainana.

👉 Elementos necessários:
✓ Um alguidar médio
✓ Vinho branco
✓ Um charuto
✓ Uma vela azul
✓ Azeitonas verdes
✓ Uma cebola grande
✓ Miúdos de frango bem lavados
✓ Óleo de amêndoas
✓ Azeite de oliva.

👉 MODO DE PREPARO – faça com as pontas dos dedos uma farofa úmida, misturando a farinha, o azeite e o óleo de amêndoas. Coloque no alguidar. Em uma panela, doure a cebola, ralada ou bem-picada, no azeite. A seguir, acrescente os miúdos e deixe os miúdos e deixe dar um rápido cozimento, ficando bem sequinho. Depois, coloque em cima da farofa e enfeite ao redor com azeitonas verdes.
Entregue numa encruzilhada ou numa estrada de terra e faça seus pedidos. Acenda a vela e o charuto e despeje o vinho em volta do presente, chamando por Exu Cainana pedindo a sua ajuda.




Trabalho prático de magia com Exu Cainana para livrar de traições (pessoais, amorosas)

Este feitiço é dedicado ao Exu Cainana.

Elementos necessários:
✓ Um alguidar médio
✓ Um pedaço de pano vermelho
✓ Vinho branco seco
✓ Um charuto
✓ Uma vela branca, uma vermelha, uma azul, uma verde
✓ Um bife de fígado
✓ Azeite de oliva
✓ Mel de abelhas
✓ Uma maçã sem casca ralada
✓ Uma pera sem casca ralada
✓ Um pacote de milharina ou farinha-d’água.

MODO DE PREPARO – forre o alguidar com o pano vermelho. Misture a milharina ou farinha-d’água, a pera e a maçã, o mel, o azeite e faça, com as pontas dos dedos, uma farofa um pouco úmida. Coloque no pano. Frite rapidamente o bife de fígado e ponha em cima da farofa. Leve para uma estrada ou para uma encruzilhada e acenda o charuto, fazendo seus pedidos a Exu Cainana. Acenda as velas ao redor do alguidar e ofereça a bebida num copo ao lado.




A Linha dos Caboclos Quimbandeiros e sua ligação com o Catimbó

A Linha dos Caboclos Quimbandeiros é uma das mais profundamente ligadas ao Catimbó — tradição espiritual de raízes indígenas e afro-brasileiras. Não é por acaso que muitas cantigas, lendas e fundamentos demonstram essa forte aproximação entre as duas práticas.

Essa linha é formada por espíritos de antigos índios americanos que, em vida, foram grandes feiticeiros, curadores e guerreiros. São reconhecidos por seu vasto conhecimento sobre a medicina da floresta e os mistérios que envolvem as ervas, as pedras e os elementos naturais das matas.

 

Imagem: Lokis Gezüch – Emil Doepler.

Um sonho e a revelação simbólica

Em 2017, enquanto criava conteúdos sobre os Exus que compõem essa linha, tive um sonho marcante. Nele, atravessava um povoado de guerreiros indígenas quando, de uma grande árvore, descia uma serpente idêntica à da imagem acima.

O curioso é que, tanto eu quanto os indígenas do sonho, saudavam e reverenciavam a serpente como uma divindade. Mais tarde, ao pesquisar sobre o animal, descobri que era a cobra-cainana — exatamente igual à vista em sonho. O episódio foi interpretado como um sinal da presença de um espírito encantado da floresta, identificado com as entidades conhecidas como Exu Cainana e Exu Cobra, entre outros nomes ligados aos elementos naturais.

 

Vozes ancestrais e mistérios das matas

Muitos espíritos dessa linha apresentam voz grave e gutural durante as manifestações espirituais. Quando incorporados em médiuns, é comum misturarem palavras em línguas nativas com o português regional. São entidades reservadas, que não gostam de ser observadas de perto e evitam o uso de palavreado vulgar, preservando uma postura respeitosa e serena.

Existe um equívoco frequente entre os iniciantes: acreditar que entidades com nomes de animais são literalmente representações dessas criaturas. Na verdade, os nomes expressam a ligação espiritual e simbólica com o animal, refletindo seu comportamento, poder e essência. Exemplos dessa simbologia são Exu Pantera Negra, Exu Cobra e Exu Cainana.

Essas entidades são consideradas especialistas em trabalhos de cura, proteção e desobsessão espiritual, atuando na defesa dos caminhos e na restauração da harmonia entre corpo e espírito.

Entidades que compõem a Linha dos Caboclos Quimbandeiros

A seguir, a descrição das principais entidades que integram essa poderosa corrente espiritual dentro da Kimbanda:

 

• Exu Pantera Negra (Chefe da Linha)

Símbolo de força e justiça, está ligado às guerras espirituais e à disciplina. Na Linha dos Caboclos, é uma entidade extremamente respeitada. Muitos de seus subordinados aceitam oferendas semelhantes às de seu chefe, que valoriza a retidão e o equilíbrio entre o bem e o rigor.

 

• Exu Sete Cachoeiras

Conhecido cabalisticamente como Khil, é o quarto comandado do Exu Calunga. Sua atuação é associada às forças das águas e das cachoeiras, e acredita-se que seja responsável por abalos sísmicos no plano espiritual. Aprecia charutos pretos e tem como oferenda favorita a galinha-d’angola recheada com farofa de azeite-de-dendê.

 

• Exu Tronqueira

De nome cabalístico Clistheret, é o sexto comandado do Exu Calunga. Atua como guardião das estradas e dos caminhos, protegendo fronteiras espirituais e físicas. É conhecido por influenciar a troca do dia pela noite, especialmente entre jogadores e boêmios. Dentro da Kimbanda, é invocado para proteger terreiros e templos.

 

• Exu das Sete Poeiras

Cabalisticamente chamado Silcharde, ocupa o sétimo posto sob o comando de Exu Calunga. Seu poder desperta a imaginação e conduz visões espirituais relacionadas aos reinos animais. É o guardião das trilhas, matas e becos, e manifesta-se como um duende de roupagem cinza-escuro.

 

• Exu das Matas

Possui o nome cabalístico Hicpacth e ocupa o nono lugar entre os comandados de Exu Calunga. Atua nos trabalhos realizados nas matas e é procurado em casos amorosos, especialmente quando se deseja o retorno de uma pessoa amada. Está intimamente ligado à natureza e às forças da terra.

 

• Exu das Sete Pedras

Conhecido pelo nome cabalístico Humots, é o décimo comandado do Exu Calunga. Considerado um grande mago da magia universal, é responsável por conhecimentos ligados à Alta Magia, aos tarôs, signos zodiacais, calendários esotéricos, numerologia e simbologias ocultas. Possui grande poder de transmissão e comunicação espiritual.

 

• Exu do Cheiro (ou Exu Cheiroso)

Seu nome cabalístico é Aglasis, e ele comanda uma falange composta por mais de 49 Exus. Seu nome vem da forma singular como se manifesta, exalando aromas agradáveis ou desagradáveis, conforme o tipo de trabalho realizado. Costuma se apresentar em forma humana, envolto por uma camada fluídica. Pertence à Linha de Omolu e é supervisionado por Exu Caveira. Recebe oferendas preferencialmente em jardins ou locais floridos.

• Exu Pedra Negra

De nome cabalístico Claunech, é o sexto comandado de Exu Calunga (Sirach). Aparece sob a forma de um cavalheiro elegante e atua especialmente em questões financeiras, sendo protetor da riqueza e dos que enfrentam dificuldades econômicas. Também é conhecido por ajudar na descoberta de tesouros ocultos. Em oferendas, aprecia vinhos tintos com mel e frutas escuras, como o jamelão.

 

• Pomba Gira da Figueira

Esta entidade lidera uma legião de espíritos femininos antigos, que viveram há milênios na Terra e alcançaram alto grau de discernimento espiritual. É considerada a protetora das raízes do culto, responsável por zelar pela tradição e pela força ancestral feminina dentro da Kimbanda.

Conclusão

A Linha dos Caboclos Quimbandeiros representa um elo profundo entre a espiritualidade ancestral, a força da natureza e a sabedoria mística. Suas entidades refletem o equilíbrio entre poder e serenidade, conhecimento e mistério, reafirmando o papel dos povos indígenas e afro-brasileiros na formação das tradições espirituais do país.

 




Trabalho prático com Exu Cainana para tirar o amargor da sua vira, afastar melancolia, tristezas

Esta magia é dedicada ao Exu Cainana.

Elementos necessários:
✓ Um alguidar grande
✓ Sete maxixes
✓ Vinho branco seco
✓ Uma vela verde
✓ Um charuto (na impossibilidade, em último caso, pode ser um cigarro)
✓ Sete pés de galinha aferventados
✓ Sete jilós
✓ Farinha de mandioca
✓ Azeite de oliva
✓ Sal
✓ Mel de abelhas.

👉🏼 MODO DE PREPARO – cozinhe o maxixe e o jiló inteiros, com um pouquinho (uma pitada) de sal, não deixando que amoleçam demais. Retire da água e deixe esfriar. Misture bem a farinha, o azeite, o mel e coloque no alguidar. Coloque os jilós e os maxixes no centro e enfeite em volta da farofa com os sete pés de galinha. Leve para uma estrada longe ou para uma encruzilhada e peça a Exu Cainana para que ele ajude você a caminhar, a prosperar, a crescer, etc. Acenda o charuto (ou cigarro) e a vela, borrife um pouco do vinho no presente e espalhe o restante em volta, sempre fazendo os pedidos ao Exu.




Exu Cainana

Esta entidade possui origem na cultura indígena brasileira, sendo aquele que é meio serpente e meio homem. O culto a este espírito se deu dentro da Kimbanda com o surgimento da Linha dos Caboclos Kimbandeiros, suas origens está ligada a lenda dos filhos gêmeos da serpente boiçú, que nos aponta um certo direcionamento do porquê na cantiga das mais conhecidas deste Exú, cita “Exu Cainana, que te matou Cainana?”, é um conto muito antigo da região Amazonas no território brasileiro, vejamos:

“Há muito tempo atrás quando os deuses indígenas ainda reinavam nesta terra, o maior entre eles criou três espiritos que tinham a forma de serpentes. Esse deus se chamava Yamandú.
E era ele que governava sobre todas as divindades. As três serpentes sagradas eram Boiçú (a cobra grande), Boiúna (a cobra negra) e Boitatá (a cobra de fogo).
 As três eram muito temidas pelos índios, pois eram terríveis.
Um dia a serpente Boiçú estava nadando nas águas de um rio quando viu próximo a margem uma belíssima índia que se banhava. Boiçú tinha o hábito de engolir todos os homens que encontrava, mas a Índia era tão bela que ele se apaixonou.
Boiçú usou seus poderes para se transformar em um homem e a beleza de sua forma humana era tão diferenciada devido ao encanto que a índia quando o viu também se apaixonou.
Ela tanto falava com o homem, mas ele não falava nada. Apenas a olhava com uma expressão de desejo no olhar.
 Boiçú e ela se amaram naquele local, mesmo estando nas águas do rio. Após terem se envolvido sexualmente, o feitiço se desfez e o homem voltou a sua forma de serpente.
A índia quando percebeu que estava abraçada a uma serpente, ficou assustada e desnorteada, desesperada correu para longe, voltando para sua aldeia.

 Dias depois ela descobriu que estava grávida e como ela era jovem, não teve coragem de contar para os seus familiares sobre o que havia ocorrido.
Com o passar dos meses a barriga cresceu e a aldeia inteira quis saber quem era o pai da criança. Mas ela se negava a falar.
 Foi então, que chamaram o Pajé para falar com ela. Como ele era um homem iniciado numa magia muito antiga, usou de seus meios para fazer ela dizer a verdade.
O Pajé ficou muito preocupado quando soube que ela estava grávida da serpente Boiçú. Ele acompanhou toda a gestação usando de sua pajelança para apaziguar os espíritos que estavam crescendo dentro do útero da jovem.
 No dia do parto houve uma surpresa, não haviam crianças, o que saiu de dentro dela foram duas cobras: uma branca (macho) e uma preta (fêmea).
O Pajé quando viu a índia na esteira e as cobras no chão diante das pernas que estavam abertas da mãe, reparou que elas rastejavam sem enconstar com as cabeças no solo, e por isso as chamou de “Boi-Caninana”, que significa “serpente que tem a cabeça erguida”.
A índia então as batizou de Caninana. Ela manifestou o desejo de ficar com as duas Caninanas, mas o Pajé a alertou que elas teriam o caráter de Boiçú e que era muito perigoso ficar com elas na aldeia.

A índia muito triste, foi até um rio e deixou as duas na margem.
O Pajé realizou feitiços para fazer as serpentes se afastarem e elas foram embora. O tempo passou e elas cresceram, ficaram gigantescas do tamanho do pai Boiçú. E assim como ele, as duas cobras tinham o poder de se transformar em gente.
Eles então se transformavam e iam para as festas nas aldeias, além de visitar os povoados dos homens brancos.

Por viverem muito entre esses homens brancos, a cobra macho recebeu deles um nome português de ‘Norato’ e a fêmea de ‘Maria’. Maria Caninana e Norato Caninana.

Eles dois eram como unha e carne, viviam juntos. Norato era um galante, ele amava se transformar em gente para seduzir as moças. Diferente da Maria que era perversa, em forma de cobra ou de mulher, ela só fazia maldades.
Quando ela estava em forma de cobra matava os bichos da floresta, os peixes do rio, virava as embarcações e engolia os pescadores.
Quando estava em forma de mulher, seduzia os homens e os levava para o matagal, onde os matava ou ia para o rio onde os afogava.

Norato amava Maria, mas ele mesmo tinha medo dela. Ela fazia coisas monstruosas, maldades inimagináveis com todas as criaturas que cruzavam seu caminho, herdando o lado monstruoso de seu pai, diferente que Norato que ficou com lado mais sedutivo e de desejos.

Um dia Norato tomou coragem e quando Maria Caninana estava dormindo em forma de cobra, ele a matou.
Foi o único jeito que ele achou para parar os terríveis massacres.
Maria Caninana deixou sua forma física e se transformou em um espírito encantado.
 Norato seguiu sozinho com uma meta na cabeça de querer deixar de se cobrar para virar homem para sempre. Toda vez que ele se transformava em homem, ele deixava o seu corpo de serpente dormindo na margem do rio e seguia em forma humana para os festejos, porém ele só podia ser homem durante a noite.

Norato tomou coragem e voltou a aldeia de sua mãe, durante uma madrugada, ele procurou o Pajé e perguntou a ele como fazer para abandonar a sua forma de Cobra Caninana.

O Pajé consultou os espíritos e revelou que havia um rito bem simples, Norato devia pedir para alguém ir até seu corpo de serpente e colocar leite dentro da boca, depois cortar a pele da cobra, o suficiente para fazê-la sangrar.
Norato foi até sua mãe e implorou a ela para ir no rio fazer o rito, ela aceitou ajudar e foi, mas quando viu a cobra gigantesca, não teve coragem de se aproximar e desistiu.
Ele passou então a ir todas as noites nas aldeias e nos vilarejos para pedir ajuda para suas muitas namoradas, mas nenhuma delas teve coragem.
Para sua sorte, ele conheceu um homem muito valente.
Norato era tão belo que até os homens o olhavam de um modo diferente.

Esse homem disse a ele que teria a coragem para fazer o rito, e ele fez!
Ele jogou leite na boca da cobra e a cortou com um facão.
O corpo da cobra pegou fogo e desapareceu, Norato se tornou humano.
Ele viveu a sua vida cheia de amores e de festas, até que morreu na sua fase de idade avançada.

Quando morreu se tornou um espírito encantado e voltou para junto de Maria.
São uma dupla encantada, Maria Caninana e Norato Caninana.”

Nas regiões sudeste do Brasil, o nome Caninana virou “Kainana”, Maria, a Pombagira Kainana e Norato, o Exú Kainana. Esta entidade é um Exu dos tempos antigos, possuindo grandes poderes espirituais. Protetor dos caminhantes, dos viajantes, daqueles que trabalham nas estradas, e inimigo das desigualdades sociais. Grande amigo dos que procuram nas necessidades, a maioria dos Exus das florestas, são espíritos muito antigos, que não gostam muito de barulhos e a maioria é de pouca conversa, não gostando de ser chamado por diversas vezes a virem em terra (incorporar). Segundo o Mestre de Kimbanda Alberto Júnior, Exu Kainana ou Cainana, teria uma total ligação com o Exu Cobra que é um dos comandantes das falanges dos espíritos que se encantam em cobras.

 

🎵 PONTOS PARA EXU CAINANA EM DIFERENTES VERSÕES

👉 VERSÃO 1

Exu Cainana, quem te matou Cainana? (2×)
Foi seu Tranca-Ruas, foi seu Marabô, foi Exu do Lodo
Cainana, mas quem te matou?
Exu Cainana, quem te matou Cainana? (2×)

OBS: Nesta primeira versão costuma ser citado diversos Exus pertencentes ao terreiro.

 

 

👉 VERSÃO 2

Exu Cainana, quem te matou, Cainana? (×2)
Na beira do rio, Cainana
Alma já minou, Cainana
Exu Pantera, Cainana, ele não bambeia!
Exu Cainana, quem te matou, Cainana? (×2)…

👉 VERSÃO 3

Exu Cainana, quem te matou Cainana? (×2)
Eu tava na beira do rio, Cainana
Uma cobra me mordeu, Cainana
Eu chamei Seu Exu Cobra, Cainana
Ele é grande amigo meu…

Exu Cainana, quem te matou Cainana? (×2)
Eu tava na beira do rio, Cainana
Uma cobra me mordeu, Cainana
Eu chamei Seu Exu das Matas, Cainana
Ele é grande amigo meu…

Essa cobra é Cainana (×2)
Porque teus pés não me engana
Eu fui no alto da serra, na serra do Amazonas,
Lá no alto eu encontrei, eu avistei Cainana
Essa cobra é Cainana (×2)
Porque teus pés não me engana.

Estatueta minoica da “Deusa das Serpentes”, 1600 a.C., Museu Arqueológico de Heraclião.

CRÉDITOS:

Artistas da imagem destaque: Marcio Takara e Marcelo Maiolo.




Oferenda para Exu Pantera Negra

Esta oferenda é muito boa para ser entregue em frente ao assentamento ou na natureza.

Elementos necessários:
✓ Um alguidar grande
✓ Sete bananas
✓ Frutas cristalizados
✓Um bife bovino
✓ Um bife de fígado
✓ Vinho tanto suave
✓ Pipocas
✓ Sete batatas
✓ Milho vermelho
✓ Sete velas brancas
✓ Folhas de arruda
✓ Um charuto
✓ Batata inglesa modelada cachimbo, moelas cruas
✓ Farinha de mandioca branca.

MODO DE PREPARO – Em um alguidar misture vinho tinto com farinha de mandioca, deixando bem soltinho a farinha e bem úmida. Coloque sete bananas em volta das bordas, um bife de gado e fígado ao meio, coloquem as frutas cristalizadas em volta junto com as bananas, prepare um pouquinho de pipoca e coloque enfeitando uns punhadinhos em cada parte, torre o milho (não queimado) e coloque junto também em um cantinho do alguidar, acrescente folhas de arrudas enfeitando. Coloque batata inglesa preparada, moelas cruas levemente no dendê. Após estar preparada acenda o charuto e as velas e ofereça ao Exu Pantera Negra.

Locais de entrega: Grutas de florestas, morros altos, bocas de mata ou em brejos.




Exu Pantera Negra e seus valores culturais

O Exu Pantera Negra é um grande chefe que comanda a linha dos Caboclos Quimbandeiros, mas as suas raízes estão ligadas fortemente a cultura indígena e a fatores culturais que foram agregados pela mistura de troca de conhecimentos e elementos por diversos povos. Há no processo histórico povos indígenas que acreditavam que quando um de seus guerreiros morressem, reencarnaria em um animal que tivesse maior ligação e continuaria protegendo as aldeias e a conexão com a natureza iria se manter, por isto que em muitos ensinamentos xamânicos é dito que ‘há um animal em nossa jornada que é um reflexo do nosso ser’. Acreditamos que o Exu Pantera Negra teria sido um guerreiro que ao morrer, sua energia se interligou ao animal Pantera Negra. Os Exús são espíritos mensageiros que se podem apresentar de diferentes formas, sendo ela na forma humana ou animal, e muitos dos que são ligados ao Reino das Matas costumam poder ver aparições ou sonhar com a sua entidade numa forma animal.

Sem sombras de dúvidas, temos Exús e Pombas Giras que possui seus animais de ligação, onde são formas encantadas de manifestações, um exemplo emblemático é o Exu Morcego, pode se apresentar através de sinais, com um morcego e há magias feitas com morcegos voltado a esta entidade. Exú Pantera Negra não é tão diferente, é um guerreiro indígena que pode aparecer para seus cultuadores numa forma de Pantera Negra ou em suas possessões espirituais em seus médiuns, apresentar comportamentos que nos interliga à Pantera.

Existe muitos autores que citam o Exu Pantera Negra, devido ser muito conhecido nos livros de Quimbanda pelo mundo, mas não é tão comum na prática presenciarmos filhos desta entidade, o autor Danilo Coppini em suas pesquisas, trouxe alguns elementos histórico em seu livro (página 374/376)  que nos ajuda a aprofundar sobre as origens do Exu Pantera Negra, vejamos:

Historicamente, a “Pantera” foi objeto de veneração por diversos povos antigos. Conhecido também como Jaguar, esse felino de grande porte foi símbolo de força e guerra para algumas culturas pré-colombianas. Os povos Olmecas (1500 e 400 a.C.), civilização-mãe de todas as civilizações mesoamericanas cultuava o “Deus Jaguar” como Senhor da Guerra, Dono da Terra e das Florestas; tido como uma das principais deidades desse panteão. Existem relatos de que alguns adeptos multila-vam suas faces para de alguma forma se conectar ao Sagrado Deus.
Na América do Sul, destacamos a cultura Andina como a “nascente” do culto à Pantera Negra. Ao contrário do que a grande maioria pensa, antes da formação tirânica do Império Inca, os povos da Floresta Amazônica e os povos andinos tiveram intensa troca mercantil e cultural. Esse intercâmbio ocorreu durante milênios e apenas com o estabelecimento do Império Inca (Estado) foi que houve uma diminuição significativa, haja vista que os povos amazônicos resistiram à conquista e expansão Inca.

Nesse mesmo período, índios Chiriguanos (Guaranis) provenientes do Paraguai e Bolívia também fizeram suas incursões dentro dos mesmos territórios fronteiriços.
Novamente ocorreram trocas culturais. Posteriormente, seja através de guerras tribais ou de contato ameno, existiram trocas entre os Guaranis e os Tupis e até mesmo dos Tupis com os próprios Incas.
O mito de “Titi” (dialeto Aymara), o Puma/Jaguar sagrado, o animal totêmico do poderoso deus Tezcatlipoca, cuja força e poder mataram os antigos gigantes, foi assimilado pelos povos nativos da bacia amazônica e posteriormente pelas demais tribos que tiveram contato com a religiosidade Inca. O poderoso felino, símbolo
de poder e guerra, tornou-se um expoente do próprio fogo e muitos mitos e lendas foram criados a partir de então. O guerreiro que carregava a pele ou dentes de Pantera era considerado poderoso e inatingível.

Na região da Bacia Amazônica até os dias atuais, existem tribos “Matsés” conhecidas como “povo onça”, que pintam suas peles ou mesmo as tatuam como a pele do felino.
No Continente Africano, segundo a mitologia Bantu, a Pantera (Leopardo) aparece como um dos nove primeiros animais vomitados por “Bumba” no processo formador do mundo. Outras lendas descrevem o felino com o nome de “Osebo”, o leopardo de dentes terríveis. Porém, a mais interessante delas no contexto do processo formador da legião de Exu é a lenda de “Agassou” (o bastardo). Reza a lenda que há muito tempo atrás, uma jovem princesa africana “Alìgbonon” apaixonou-se por uma grande Pantera. Os dois copularam e tiveram um filho chamado “Agassou”. Esse personagem, em noites de “lua cheia” transforma-se em leopardo.
Toda linhagem de “Agassou” (denominada kpòvĭ – filhos do leopardo) carregava o mesmo poder e foram trazidos para as Terras Americanas através do processo escravista. Um desses homens-leopardos fugiu de seu cativeiro e foi se esconder numa remota tribo indígena, dando origem a uma nova linhagem de homens-leopardos.
Agassou é cultuado até os dias atuais, como grande Loa e, em algumas regiões da África, como um poderoso Rei de uma linhagem sagrada. A influência europeia sob as culturas africanas, fez com que alguns acreditassem que Agassou fosse a personificação do próprio arcanjo Cassiel “O Espelho de Deus”, que veio a Terra na forma de um leopardo.
O mito de mulheres que copulavam com Panteras também ocorreu na América pré-colombiana dando origem à lenda dos “homens-jaguares”. Esses cruzamentos são muito similares a lenda dos Nephilins, outra antiga história que retrata seres “semidivinos”.

No território brasileiro, os índios e os negros acabaram fundindo muitos aspectos culturais que, posteriormente foram sincretizados com a cultura europeia. A “Pantera Negra” tornou-se o expoente da força, guerra, proteção e divindade. Por ser negra, os antigos acreditavam que era a poderosa sombra dos antigos Reis que  outrora governavam a Terra. Os mitos dos povos pré-colombianos, amazônicos, africanos e europeus formaram a energia necessária para que o nome, bem como, as qualidades desse felino fossem perfeitas para retratar uma das mais poderosas linhagens de Exu: Os “Exus Pantera Negra”.

PONTO PARA GUERREAR

Ninguém pode com o bicho 🎶
Ninguém pode com a fera
Eu quero ver quem é que pode
Com a falange do Pantera 🎶

Ninguém pode com o bicho 🎶
Ninguém pode com a fera
Eu quero ver quem é que pode
Com a falange do Pantera 🎶

PONTO DE CHAMADA
Ele vem vindo por trás da bananeira (X2) 🎶
Saravá seu Belzebu, Exu Pantera Negra (X2) 🎶

 

• REFERÊNCIA:
COPPINI, Danilo, Quimbanda – O Culto da Chama Vermelha e Preta. 4.ed. São Paulo: Via Sestra, 2023.