Exu do Lodo

Para compreendermos melhor sobre esta entidade, é necessário refletir sobre o lodo… é uma das formas populares de designar todos os sedimentos rochosos cobertos pelas águas dos rios, lagos, pântanos e mar. É comum a associação do lodo com a lama que é uma mistura pastosa da terra com água, porém, por ser rico em alguns tipos de minerais e outros componentes naturais, pode servir de habitat para várias espécies, como por exemplo, o saltador-do-lodo. No Brasil é comum encontrar o lodo nas redes de esgotos.

Imagem: Freepik.

O lodo é formado em ambientes úmidos que representam as impurezas, ou seja numa cachoeira onde a água corre livremente não há lodo, só há lodo onde à infiltração e umidade constante que não é limpo (tais lugares com energias negativas, essas energias se assemelhariam ao lodo). O Exu do lodo entraria nesses lugares “carregados” e faz a limpeza dessas energias, tirando o lodo ruim (energia ruim) e restaurando o lodo bom e limpo (energia positiva). Costuma ser invocado nas correntes espirituais para carregar consigo os entraves materiais que poluem seus adeptos.

Esta entidade pertence ao Reino das Águas. E quando paramos para pensar em água dentro da Kimbanda, precisamos refletir que é um elemento receptivo e negativo, associada ao magnetismo e à atração. As águas são conhecidas a nível universal na magia como “unificadora dos mundos”, pois é encontrada em diversas dimensões e em muitos rituais é usada para abrir a face para o oculto, alguns ocultistas fazem ritos para lavar as vistas proporcionando adivinhações e visões. Por ser unificadora, tem fortes associações com o Reino dos Mortos e com o subconsciente. A terra também possui polaridade negativa e densidade superior aos demais elementos, o que lhe garante o poder das formas. É um elemento limitador e aprisionador.

De forma esotérica os aspectos dos dois elementos, entendemos, que o lodo nada mais é do que a “terra destruída” (materialidade) coberta de água onde o ventre das formas é esterializado. Os dois elementos unidos são parte da alquimia da natureza. Espiritualmente é o local para onde os espíritos chafurdados na materialidade são atraídos.

Ponto riscado usado para socorro, resgatar ou retirar as pessoas das situações difíceis, tanto no âmbito material, como, emocional e espiritual.

Exu do Lodo costuma trabalhar para as energias paradas e ajuda em processos sem andamentos. Sua grande força está ligada a união das águas com a terra e no limo das pedras, onde é formado o lodo. Pode ajudar em limpezas de descarregos e principalmente em doenças de pele. Também vibra na falange de Exus ligados as Almas. Na Quimbanda ele pode proporcionar a compreensão sobre o desapego material e a necessidade de um constante embate contra o sentimentalismo e o medo do invisível. Por ser um espírito muito antigo e ligado à um lado da natureza mais silencioso, em suas manifestações se apresenta como um grande sábio, porém, de poucas palavras.

Os espíritos da linha das almas, costumam se apresentar curvos e com dificuldades, pois tem uma energia pesada e a maioria usam aparências de velhos feiticeiros. Praticamente todos os espíritos desta linha foram, padres, bispos, bruxos, magos ou feiticeiros em suas vidas na terra. Quando o Exu do Lodo se manifesta (por intermédio de um médium), ele está agachado como se tivesse dificuldade para se levantar, mas na realidade se locomove com rapidez.

Esta entidade trabalha na transmutação de energias, transformando o lado negativo em positivo. Motivo de usar muito a cor preta que representa a transformação. Em sua manifestação, pode trazer chuvas consigo. É a resposta que ele está atento e presente. Ele se chama lodo pois representa a força da vida mesmo em meio as dificuldades, ou seja, que mesmo em meio a podridão do mundo esse Exu tem boa energia e também tem, outro significado, que quando o consulente estiver no “lodo” esta entidade vai tira-lo de lá, representa tanto a força do Exu quanto o estado de espirito em que se encontram as pessoas que pedem auxilio a ele.

Foto: Imagens Bahia.

Nas imagens usadas para Exu do Lodo é de um homem, agachado como se tivesse dificuldades em se locomover. Traz a representação de um campo extremamente negativo em que exerce suas funções onde os homens não poderão contar mais com a locomoção, o equilíbrio e a sensação de materialidade.

Dentro da feitiçaria há um ditado que costumam dizer que Exu do Lodo, nas magias para fins destrutivos, afunda a vida de suas vítimas, carregando-as para o lodo/lama. Esse Exu usa correntes negativas e destrói a vida material, arrancando das suas vítimas a estabilidade financeira. Em contrapartida, pode atuar retirando uma pessoa desse mau estágio e fornecer um caminho, tirando da lama e dando a oportunidade de ser acompanhada possivelmente por uma outra entidade.

Devido aos conceitos magnéticos, a relação desta entidade com os mortos está vinculada aos presídios astrais onde os devedores e escravos são esgotados e escravizados. Uma de suas importantes funções é na captura das almas que são atraídas para esses campos astrais.

Há alguns mestres de Kimbanda que afirmam que esta entidade tem afinidade com os Exus, Maré, Sete Infernos, Exu Rei da Praia, Exu Sete Correntes, Capa Preta, Sete Infernos e até Tata Caveira.

Ponto riscado usado em trabalhos de limpeza energética. Traz um enorme significado esta simbologia, pois demonstra a plenitude de seus poderes. Usado nos trabalhos de feitiçaria que visam erguer ou afundar as pessoas, bem como, atraí-las para o reino do Lodo.

Nas praias, rios, ou cachoeiras – devemos pedir licença ao Exu do Lodo, pois sempre há lama nos arredores.

PONTO CANTADO PARA EXU DO LODO

QUANDO CHEGA MEIA-NOITE 🎶
EXÚ DO LODO NA UMBANDA CHEGA
ELE VEM DO CEMITÉRIO
VAI SAIR NA LUA CHEIA 🎶

QUANDO CHEGA MEIA-NOITE 🎶
EXÚ DO LODO NA UMBANDA CHEGA
ELE VEM DO CEMITÉRIO
VAI SAIR NA LUA CHEIA 🎶

EXÚ DO LODO É 🎶
MEU COMPADRE NA UMBANDA
EXÚ DO LODO VEM
VEM ALEGRAR A NOSSA BANDA 🎶

EXÚ DO LODO É 🎶
MEU COMPADRE NA UMBANDA
EXÚ DO LODO VEM
VEM ALEGRAR A NOSSA BANDA 🎶

 

REFERÊNCIA:
COPPINI, Danilo, Quimbanda – O Culto da Chama Vermelha e Preta. 4.ed. São Paulo: Via Sestra, 2023.




Trabalho prático de magia para aliviar doenças físicas/psicológicas; motivar pessoas depressivas, com o Exu do Lodo

Esta magia é voltada ao Exu do Lodo.

Elementos necessários:
✓ Um alguidar médio
✓ Um pedaço de morim branco
✓ Farinha de mandioca grossa
✓ Óleo de trombeta
✓ Azeite de oliva
✓ Mel
✓ Sete ovas de peixes cruas
✓ Cebola branca
✓ Azeitonas verdes
✓ Sete ramos de trigo
✓ Um charuto de boa qualidade
✓ Vinho branco ou uísque.

MODO DE PREPARO – lave o alguidar com um pouco da bebida alcoólicas, ao secar, cubra o alguidar com um pedaço de morim branco. Faça uma farofa com as mãos usando a farinha, os óleo de trombeta, uma pitadinha de sal e o mel e ponha por cima do morim. Rodeie com as ovas de peixe, rodelas grossas de cebola, as azeitonas verdes e os ramos de trigo. Regue tudo com azeite de oliva e, se puder, deixe perto de um manguezal, ou coloque em uma árvore, perto do rio ou do mar, depois das quatro da tarde. Faça seus pedidos a Exu do Lodo e despeje em volta do alguidar, um pouco de bebida.




Trabalho prático de magia para atrair coisas especiais e boas

Esta magia é voltada ao Exu do Lodo e pode ser usada por umbandistas e kimbandeiros.

Elementos necessários:
✓ Um alguidar médio
✓ Farinha de mandioca
✓ Vinho tinto de boa qualidade
✓ Uma vela branca
✓ Azeite de oliva
✓ Mel
✓ Sete cebolas roxas descascadas
✓ Sete pimentas
✓ Um charuto.

MODO DE PREPARO – lave a parte de dentro do alguidar com um pouco de vinho e espere secar. Faça uma farofa de farinha, mel e o azeite. Coloque no alguidar e rodeie com as cebolas. Faça um buraco em cada cebola e coloque dentro uma pimenta, para enfeitar e atiçar o presente. Coloque este presente perto de um manguezal, ou de um local com água, e ofereça a Exu do Lodo. Acenda o charuto e a vela, fazendo seus pedidos e despeje o vinho em volta do alguidar.




Trabalho prático de magia para Exu do Lodo trazer prosperidade, crescimento profissional

Aprenda um saco da prosperidade e fartura para entregar para o Exu do Lodo.

Elementos necessários:
✓ Um saco de pano grande e branco
✓ Sete folhas de louro
✓ Sete ímãs
✓ Sete moedas
✓ Um copo de farinha de mandioca branca
✓ Um copo de açúcar
✓ Um copo de fubá
✓ Um copo de pó de café
✓ Um copo de feijão-branco
✓ Um copo de feijão-preto
✓ Um copo de milho de pipoca
✓ Um copo de milho vermelho
✓ Um copo de arroz com casca
✓ Duas colheres de sopa de mel
✓ Duas colheres de sopa de melado
✓ Três colheres de sopa de sal
✓ Duas colheres de sopa de azeite de oliva.

MODO DE PREPARO – misture todos os ingredientes num recipiente grande e coloque dentro do saco. Passe, simbolicamente, o saco pelo corpo, de baixo para cima, pedindo a Exu do Lodo que aquele seja o “saco da fartura, e da prosperidade” de sua vida, de sua casa, de seu comércio. Pendure-o num galho de árvore, em um local alto, de preferência perto do mar ou de um rio ou riacho e continue chamando pelo Exu. Leve algumas moedas, passe-as pelo corpo de baixo para cima e coloque no pé da árvore. É muito bom renovar este presente a cada ano.




Oferenda para o Exu do Lodo

Esta oferenda pode ser praticada por umbandistas e kimbandeiros.

Elementos necessários:
✓ Um alguidar médio
✓ Milho vermelho
✓ Cebola roxa
✓ Farinha da mandioca
✓ Azeite de dendê
✓ Um bife bovino
✓ Sete charutos
✓ Sete velas vermelhas e pretas.

MODO DE PREPARO – Dentro de um alguidar, prepare um padê, misturando farinha de mandioca com dendê, logo após coloque no alguidar.
Enfeite com sete rodelas de cebola roxa em volta. Refogue um bife ligeiramente rápido no dendê e coloque ao meio do alguidar, acenda sete charutos e sete velas oferecendo ao Exu do Lodo e fazendo seus pedidos. Esta oferenda pode ser levada para lugares que possua lodo. Pode ser entregues em lagos, manguezais, locais que possui lama, lodo e águas lentas e paradas, ou ponha de frente para seu assentamento.




Exu Sete Porteiras

Esta entidade é um tipo de espírito considerado guardião, justamente por ele ser encarregado de guardar e proteger tudo o que está fechado: caminhos, segredos, portas. Tem o poder de abrir os caminhos das pessoas que o procuram, e também pode fechar as portas, caminhos, destinos daqueles que o desagradam, por isto exige muito respeito ao se direcionar a este Exú. Nas giras ele costuma ser muito arredio, fala pouco, mas é um excelente ouvinte: dizendo sempre a verdade, e não o que necessariamente o consulente quer escutar.

Senhor Sete Porteiras domina as sete fronteiras, tem como poder de abrir ou fechar suas portas, caminhos ou destinos. Tem também a força de guardar os sete portais astrais, fazendo companhia a mais seis Exús guardiões com essa finalidade.

Muitos ensinam que o Senhor Sete Porteiras apenas toma conta das portas das Calungas Pequenas (cemitérios), porém como o próprio nome diz, a palavra “porteira” refere-se a porta ou passagem. E assim, o Exú Sete Porteiras cuida de diversas passagens, portas ou portais nos planos espirituais. Podemos definir que ele é o intermediário entre dois planos, sejam eles espirituais ou terrenos.

🎵 PONTO CANTADO 🎵
Portão de ferro cadeado de madeira (2x)
Seu Exú toma conta, Exu presta conta, Seu Exu olha a nossa porteira (2x).

 

Ponto cantado para Exu Sete Porteiras

🎶 Cadê a chave, do Seu Sete Porteiras (X2)
Ele precisa passar, ele é Seu Sete Porteiras (X2) 🎶
🎶 Cheguei cheguei pra trabalhar
Cheguei cheguei pra ajudar🎶

🎶 Eu não como, eu não bebo, eu não durmo,
enquanto esses filhos não curar (X2)
Vou abrir a porteira, vou abrir pra ele passar 🎶

🎶 Seu Sete Porteiras é curadô e veio pra nos ajudar (X2)
Cheguei cheguei pra trabalhar🎶
🎶 Cheguei cheguei pra ajudar
Eu não como, eu não bebo, eu não durmo,
enquanto esses filhos não curar (X2)🎶

🎶 Vou abrir a porteira, vou abrir pra ele passar
Seu Sete Porteiras é curadô e veio pra nos ajudar (X2) 🎶

Ponto riscado.




Trabalho prático de magia para Exu Sete Porteiras abrir os caminhos da sua vida, do seu comércio e trazer abundância, prosperidades e lucros

Esta magia é voltada ao Exu Sete Porteiras.

Elementos necessários:
✓ Um saco de pano grande e branco
✓ Sete folhas de louro
✓ Sete ímãs
✓ Sete moedas
✓ Um copo de farinha de mandioca branca
✓ Um copo de açúcar
✓ Um copo de fubá
✓ Um copo de pó de café
✓ Um copo de feijão-branco
✓ Um copo de feijão-preto
✓ Um copo de milho de pipoca
✓ Um copo de milho vermelho
✓ Um copo de arroz com casca
✓ Duas colheres de sopa de mel
✓ Duas colheres de sopa de melado
✓ Três colheres de sopa de sal
✓ Duas colheres de sopa de azeite de oliva.

MODO DE PREPARO – misture todos os ingredientes num recipiente grande e coloque dentro do saco. Passe, simbolicamente, o saco pelo corpo, de baixo para cima, pedindo a Exu Sete Porteiras que aquele seja o “saco da fartura, e da prosperidade” de sua vida, de sua casa, de seu comércio. Pendure-o num galho de árvore, em um local alto, e continue chamando pelo Exu. Leve algumas moedas, passe-as pelo corpo de baixo para cima e coloque no pé da árvore, ofertando aos senhores das florestas. Procure renovar este presente todo ano.




Trabalho prático de magia para afastar um parente ou amigo das bebidas e das drogas

Esta magia é voltada ao Exu Sete Porteiras.

Elementos necessários:
✓ Um prato grande
✓ Uma corvina média bem fresquinha e bem firme
✓ Azeite de oliva
✓ Rodelas de tomate, de cebola e de pimentão
✓ Folhas de alface
✓ Vinho tinto.

👉🏼 MODO DE PREPARO – lave bem o peixe, sem escamar e sem retirar as vísceras. Coloque numa panela grande um pouco de azeite, o tomate, a cebola, o pimentão e uma pitadinha bem pequena de sal. Deixe fritar levemente e acrescente o peixe. Dê um cozimento rápido, sem deixar o peixe quebrar ou desmanchar. Forre o prato com folhas de alface e bem lavadas e coloque o peixe, com cuidado. Deixe esfriar e ofereça em uma encruzilhada bem aberta, para Exu Sete Porteiras. Ou, se possível, entregar perto de porteira, que é o local predileto preferido por Exu Sete Porteiras. Borrife em volta do presente um pouco do vinho no peixe e coloque o restante em volta do presente.
Faça seus pedidos com fé e amor que, temos certeza de que seu amigo/parente ou alguém que ama se livrará destes vícios tão amargos.




Influências literárias na Kimbanda

A Kimbanda é uma tradição que no Brasil vira alvo frequentemente de polêmicas entre sacerdotes de matrizes afro-brasileiras sobre as suas práticas e surgimentos, porém não podemos deixar de evidenciar que muitas influências surgiram da literatura brasileira e nesta matéria terei o intuito de esclarecer alguns pontos importantes e se realmente a Kimbanda é o que os sites famosos de pesquisas afirmam.

Texto • Prof. Eduardo Henrique Costa

COMEÇANDO PELO NOME

Kimbanda e Umbanda são separadas apenas por palavras, o objetivo de ambas é voltado para cura. A própria palavra “Kimbanda” é associada diretamente a cura e o sacerdote ou mestre desta tradição é definido como um curandeiro espiritual de um terreiro, sendo esta a prática ancestral, principal de seus praticantes.
Na Umbanda percebemos este mesmo objetivo quando visitamos um terreiro e podemos visualizar ritos como defumações para o bem-estar “pro mal sair e a saúde entrar”, passes espirituais feitos pelas entidades espirituais que possuem a mesma finalidade que o Reiki (envios de energias), benzeções e entre outras práticas que nos leva a refletir que a cura é o princípio da harmonia.

Infelizmente mesmo com tamanhas riquezas a Kimbanda não manteve este significado, ficou conhecida a nível global de forma errônea como “Culto de Magia Negra”, a definição traz uma afirmativa de que as práticas têm caráter maléfico e destrutivo, mas na prática não faz o menor sentido se a Kimbanda é como as pessoas dizem, por que teria caboclos e pretos velhos nesta tradição? E por quê na prática um Exu pode curar de uma doença desconhecida e trazer harmonia em meio aos conflitos? Afinal por quê tamanha separação entre Umbanda e Kimbanda? Cada dia que se passa as pessoas criam mil barreiras para afirmar de quê um umbandista não pode ser um kimbandeiro, pois não daria para ser bom e mal ao mesmo tempo… O pensamento de que Kimbanda é maléfica posso afirmar ser totalmente uma loucura, pois o fato de existir alguém ruim não é culpa da tradição, assim como não é culpa da religião existir pessoas de mau caráter mesmo com códigos morais e tamanhas filosofias.

Esta guerrinha de bem e do mal, é coisa material e do próprio ego e da arrogância. Achar que as entidades de Umbanda luta contra as de Kimbanda é uma tamanha ignorância. Em toda tradição que tenha como finalidade a cura da alma e de locais, pode-se existir a prática da caridade ou do bem, são questões que depende mais do praticante do que da linha, pois não há impedimento.

OLHA A MACUMBA AÍ!

Arthur Ramos (1903 à 1949).

Para entendermos os primeiros conceitos ligados a religiosidade afro-brasileira, podemos citar uma das figuras importantíssima neste processo: Arthur Ramos foi um grande autor, antropólogo brasileiro, médico psiquiatra, psicólogo social, um dos pioneiros que usou da psicanálise para investigar a mentalidade e cultura dos brasileiros, o mesmo apresentou explicações detalhadas sobre a macumba, onde ele foi capaz de observar através de estudos em diversos terreiros que ele pesquisou chegando a conclusão que não existia apenas um tipo de prática, ele definiu que existia diversas linhas, entre elas havia a Umbanda e a Kimbanda, nesta parte conseguimos entender que estas duas também são macumba. Mas a macumba não é uma definição de maldade, é um nome genérico usado para se referir a diversos ritos religiosos que eram praticados por africanos, seus descentes, ex escravizados e era comum ser uma reunião de pessoas pretas. Algo que sempre costuma ter em comum dentro da macumba é o catártico; praticantes que entram em transes, há danças, cantigas, sons de instrumentos, bater palmas… e procuram buscar através destes rituais a cura para os males, seja físicos, psicológicos e espirituais. Posteriormente houve a entrada dos brancos dentro das práticas e quando a Umbanda já estava começando a se formar como religião, esta teve uma enorme participação da classe média, de grupos egocêntricos, puramente racistas para sermos mais exatos, precisavam eliminar estes elementos catárticos e toda prática densa, se aproximando mais do Cristianismo, surgindo aquelas emblemáticas frases “a Umbanda pratica o bem e a Kimbanda pratica o mal”, criando um enorme muro que separava a Umbanda da Kimbanda, porque os umbandistas da época estavam preocupados em ser mais aceitos pelos europeus e queriam eliminar tudo que fosse provocar afrontas ao Cristianismo e podemos perceber que a entrada do Espiritismo Kadercista dentro da Umbanda, também foi algo que era muito mais aceito pelas pessoas, não chegando a tais níveis de exclusões da sociedade como era com a macumba no geral. A Umbanda limitou seu culto aos Exús e Pombas Giras, ficando a Kimbanda responsável por mais expressiva profundidade no culto destes seres. Mas isto não significa que toda Kimbanda não teve influência da cultura européia, e logo seremos capazes de perceber um exemplo emblemático praticado por algumas.
A ideia do bem não estava apenas associada às condutas, mas a qual cor fisicamente se tinha, não é atoa que o negro era sempre visto como um ser de maldades e o branco como “detentor da paz”, caso ache isto um exagero, visite algumas lojas de artigos religiosos de Umbanda e pasme ao reparar imagens de deuses negros com cor branca, diga-se de passagem eu costumo até mesmo dizer que se o Cristo não tivesse suas imagens como um europeu, quase ruivo, dificilmente seria visto como algo santo… Retornando ao assunto: diferente da Umbanda, a Kimbanda não aceitou ceder as pressões do Cristianismo e até hoje é vista como algo afrontoso, maléfico, ou como muitos chamam depois da separação com a Umbanda e Kimbanda como “linha de esquerda”. Para os caros leitores e alunos possam entender da melhor forma, um Preto Velho pode se manifestar pela direita ou pela esquerda, porque isto não é uma lei espiritual, é algo criado pelos humanos para definir o que era do bem, mas as entidades mostrava cada vez mais que isto não fazia sentido. Não podemos dizer que foi apenas um único tipo de macumba influenciada por este conceito, percebemos que houve várias, como por exemplo, Culto da Jurema Sagrada e o Catimbó, até mesmo nas religiões com influências xamânicas vemos algumas consideradas de direita por terem santos católicos, rezas do Pai Nosso e as práticas que não tem, como linha de esquerda ou “fundo”.

Para visualizar em um melhor tamanho, clique em cima da imagem.

Disponível em: Google. Acesso: 7/10/2023.

Você já andou pela rua e viu pessoas afirmando de quê “se a macumba fosse bom, seu nome não seria má – cumba”… Toda vez que alguém diz isto eu vejo que falta estudar história, português entre outras matérias que faria não cometer tamanha babaquice.

Imagem: Extraida da internet. Conteúdo do ano de 1941.

E você já se perguntou quem é que foi o autor que trouxe este argumento da Kimbanda como maldade e Umbanda como bondade? Porque tudo costuma ter uma origem ou influência de alguém e de acordo com os meus estudos: foi Lourenço Braga em 1941, na sétima sessão do primeiro Congresso Espírita de Umbanda.
Braga apresentou conceitos de que os trabalhos para fins benéficos estavam contidos na Umbanda e na Kimbanda seria os que fossem para fins maléficos, posteriormente esta representação feita foi o motivo de surgimento de seu livro “Umbanda (Magia Branca) e Quimbanda (Magia Negra)“, publicado no ano de 1942, podemos defini-lo como um dos primeiros autores a impregnar estes conceitos de linhas do bem e do mal.
Antes da publicação do livro de Lourenço Braga, já existia afirmações sobre magia branca para o bem e magia negra ser para o mal, através do autor Noel de Souza sobre as sete linhas de Umbanda (por volta do ano de 1938), trazendo relatos em seus jornais.

Livro de Lourenço Braga.

Quando paro para refletir sobre o que Braga viu de tão mal na Kimbanda, na verdade não se tratava da tradição, era as pessoas que buscavam os terreiros para pedir coisas materiais… E com os sucessos de vendas de seu livro, o Cristianismo ganhou tantas forças que houve o lançamento de um livro no ano de 1952 de um famigerado Aluizio Fontenelle , onde o título de seu livro foi “Exu”. Vejamos;

Livro lançado pela editora Espiritualista no ano de 1975.

Em seu livro ele comparou as entidades que vinha na Kimbanda com os seres da Goetia, além de colocar tacitamente Exú como o próprio Diabo, aquele que se encontra contido no imaginário popular: que usa chifres, rabos, espeta pessoas e foi condenado a vagar pelo mundo. Fontenelle usou de diversas páginas para dizer sobre si mesmo no que ele se autoavaliou como alguém muito sábio capaz de julgar as entidades e defini-las, Fontenelle de forma absurda nega a própria origem da palavra Exú e afirma que não tinha vindo da África, desta maluquice nasceu os pensamentos de que Exú era o nome que estava na Bíblia dos cristãos. Como se não bastasse, o mesmo afirmou que este nome tinha sido dito por Deus numa língua (não conhecida pelos humanos) e estas babaquices de teorias sem nenhuma fundamentação básica, infelizmente é copiada até os dias atuais. Uma certa vez no ano de 2018, conversei com um rapaz que se dizia mestre em Kimbanda, o mesmo me disse que Exú estava nas escrituras em hebraico, me causou estranheza pois eu sou um pesquisador e especialista no idioma hebraico, e disse que encontraria com o nome de “Yesú”, talvez ele tenha desenvolvido este pensamento ilusório graças a Fontenelle. O que muito podemos perceber na Macumba é que muitas definições vinham do misticismo popular, e trouxeram de tal forma o Diabo para dentro da Macumba, que em pleno século vinte e um, há macumbeiros que até acham que estão cultuando o Diabo, infelizmente.

Oras, não estou aqui para condenar aqueles que cultuam o Diabo, apenas estou trazendo fontes de pesquisas que explicam de onde veio certos textos muitos idênticos no qual conhecemos nos dias atuais: Quimbanda, o lado negativo da Umbanda. Reitero que boa parte dos preconceitos com a macumba é ligado a cor sim! Tanto que no próprio folclore brasileiro, há pessoas que acreditam que o Saci Pererê é o próprio Diabo, mas afinal por quê isto? Tem personagens muito mais levados do que ele, mas veja, o Saci é…? Preto!…

Aluizio Fontenelle fez diversas comparações e colocou Exú como o próprio pecado original e que teria tentado Eva e Adão no Paraíso, o autor ainda relata sobre uma rebelião causada por Lúcifer e que o povo expulso era “Exud” uma língua que apenas ele sabia (risos), concluindo em suas teorias de que estes seres foram condenados a viver nas profundezas da Terra, levando a entender que existe Exús na Terra por conta de uma maldição lançada pelo próprio Deus. É bem provável que ele tenha sido um cristão, pois fez muitas referências a Trindade, saudando em seu livro, esta ideia foi copiada por diversos autores posteriormente e que fez muitos sincretizarem os Exús com os Daimons da Goetia.

Afirmar que Exú é um demônio, é a mesma coisa que dizer que Ogum é São Jorge, são apenas comparações, mas não significa que é tudo igual. Expresso meu pensamento de que o sincretismo ele não é ruim exatamente, mas quando ele se junta e acha que tudo é uma coisa só, acabamos perdendo a essência, as raízes de nossa cultura. Mas e a Kimbanda que muitos chamam de Luciferiana? Seria coisa do capeta? Sem muitos rodeios, se fomos analisar a palavra “Lúcifer” de forma básica significa o portador da luz, em algumas culturas citam este nome como de um deus Vênus, também houve muitas pessoas em épocas antigas com o nome de Lúcifer, assim como existiu diversos com o nome de São Cipriano. Há certas coisas que são simples de entender, mas as pessoas gostem de complicar.




Trabalho prático com Exu Sete Porteiras para abrir os caminhos e ajudar a conseguir um emprego

Este feitiço é voltado ao Exu Sete Porteiras.

👉 Elementos necessários:
✓ Um alguidar médio
✓ Um pedaço de morim
✓ Farinha de mandioca
✓ Um charuto
✓ Uma cachaça de boa qualidade
✓ Uma vela branca e vermelha
✓ Uma maçã verde
✓ Sete chaves de cera
✓ Azeite de oliva.

👉 MODO DE PREPARO – misture com as pontas dos dedos a farinha e o azeite, fazendo uma farofa um pouco úmida. Forre o alguidar com o pano e coloque a farofa dentro. Lave e seque a maçã, corte em rodelas enfeitando a farofa a seu gosto. Passe as chaves pelo seu corpo, de baixo para cima, e ponha em cima do presente. Leve-o para um campo aberto, bem bonito, se possível próximo a uma porteira ou a um portão. Acenda a vela d o charuto, fazendo seus pedidos e oferecendo a Exu Sete Porteiras. Borrife um pouco de cachaça no presente e jogue o restante ao redor.